terça-feira, 29 de setembro de 2009

Amanhã

Finalmente, vou a Cambridge abraçar a minha menina! Amanhã, depois das aulas (é bom esclarecer isto porque a censura existe mesmo e alguém pode achar que estou a faltar...), vou para Faro e, daí, voando para Cambridge. Levo trabalho comigo, claro!, mas levo, sobretudo o desejo de ver a minha menina, a sua barriga, o espaço onde vive e se faz cada vez mais Mulher.
Gosto muito de Cambridge. Gosto das ruas movimentadas, dos cheiros, das misturas de idiomas, dos cafés italianos, dos relvados imensos, das vacas pachorrentas, dos jardins, dos velhos e sábios Colégios, do rio Cam,dos Pubs quentinhos onde o Pinot Noir é delicioso! Mas gosto, sobretudo, do tempo de qualidade, das conversas boas, das caminhadas com o nariz vermelho de frio e o coração quente de ternura.
Perfeito seria se levasse comigo a Joana. Mas consola-me saber que, em breve, iremos as duas!Dia 5 de Outubro, vou ter de voltar. Já adivinho o regresso a doer...
Um dia de cada vez: - Amanhã vou partir!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

Impossível???

E não é que aconteceu mesmo?! Confesso que, no fundo-fundo,eu achava possível esta desgraça. No fundo-fundo, eu sei que o povo português nasceu para obedecer e ser estúpido, para se lamentar e insistir no erro, para ser roubado e mimar o ladrão. Só que, perante a realidade, tinha esperança que a minha gente tivesse já aprendido alguma coisa.
Hoje, no moderno século XXI, só há países esquerdosos na América Latina, em África e... em Portugal!!! Bloco de Esquerda e PS no governo: - taxas sobre telemóveis, impostos sobre quem trabalha, cunhas e favores a liderar, estupidez e ignorância a comandar.
Talvez, no fundo, tenhamos o que merecemos. Fernando Pessoa dizia que o povo é, na sua essência, impossível de educar. Como sempre, tinha razão.
Hoje, agora, queria poder ir embora de vez para um país com sentido!!É que, a juntar a toda esta mediocridade, há o medo. Tenho medo! Medo de falar, de escrever, de opinar. Ter medo faz-me sentir infeliz. Estou infeliz!!

Life goes on...

Hoje, foi a Joana que partiu. Deu-me para me lembrar do episódio das Despedidas de Belém, n'Os Lusíadas, talvez por sempre achar que, apesar de tudo, as despedidas são mais dolorosas para quem fica. Quem parte, vai em busca de algo, leva um propósito, um sonho, um destino, um objectivo. Quem fica, guarda saudades, memórias, ausências que o tempo faz cada dia mais dolorosas... As minhas filhas partem, o meu Pai já não existe, e eu penso na razão que me leva a ficar aqui, sempre, numa eternidade de desilusão, sem confiança num futuro diferente. Porque não parto também? Porque não ouso mudar, rumar ao estrangeiro ou a outro lugar limpo de memórias e ausências? Porque não tenho resposta, consolo-me com a meu amor a esta terra, com a necessidade de, manhã cedo, ver as torres da Sé rasgando o nevoeiro. Digo-me que este é o meu espaço, aqui estão, fundas, as minhas raízes, preciso dos olhares que conheço no meu dia-a-dia. Mas sei que se calhar não é assim. Que, recionalmente, nada me prende a um país que agride e desrespeita. Contudo, vou ficando e, um dia, será tarde demais para mudar...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vertigem

É uma vertigem a minha vida neste início de ano lectivo. Faz-se de velocidade, falhas, ausências, desejos dolorosamente contidos, revoltas caladas, ternuras adiadas, preocupações e ansiedades. Corro de formação para formação, falo de possíveis e mudança, desmonto textos, sorrio mesmo quando me apetece gritar: - ESTUPIDEZ!!
Hoje, alguém perguntava, via mail, se estou viva. E não é que nem sei o que responder?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Campanha irritante

Dolorosa, a campanha eleitoral. Para mim, pessoalmente, violenta até. Perturbam-me, magoam-me, as demonstrações de retórica sem sentido, fora de moda, repetitivas, ocas. Chateia-me a partidarite que ocupou, indecentemente, a domocracia em Portugal e, honestamente, enojam-me os comícios, os jornalistas a inventarem casos mediáticos, as revistas a fazerem concursos de sensualidade entre políticos, etc. Quero lá saber se o primeiro-ministro é charmoso, até nem acho!, ou se o papagaio do Louçã é adepto das marcas, ou se a Manuela só usa tailler ou se o Portas compra só gangas Levi's!! O que é que isso interessa, meu Deus?? Irrita-me isto tudo!!!
Claro que me irritam mais uns que outros. E irrita-me, mais ainda, encontrar pessoas que tinha como inteligentes a, publicamente, assumirem o que considero ser burrice certificada: - as suas opções pela esquerda, seja ela bloco ou cdu, só para, como dizem, abandalhar. Num país onde se vota para abandalhar, que sentido faz falar em cidadania, em democracia, em modernidade???

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Recomeço


Voltaram as aulas, o tempo cheio de afazeres, as chatices de uma Escola sem sentido. Hoje, recebi a minha avaliação(???). Bom. Porque não pedi aulas assistidas, disseram-me, 8 em 10 seria Muito Bom, explicaram. Mas nenhuma explicação faz sentido, ou me faz falta sequer, num sistema onde a estupidez impera e a mediocridade lidera. Hoje, estranhamente, nem fiquei revoltada ou chateada. Vim para casa calmamente, preparei as minhas aulas, desafiei uma aluna amiga para uma ida ao Modelo e, ao finalzinho da tarde, na melhor das companhias - a minha filha! - , fui caminhar pela minha Serra. Andámos duas horas boas, conversando, sonhando, projectando e recordando. Lembrámos outros tempos, antecipámos a alegria da vinda do Manel Bernardo e carregamos baterias para as saudades, IMENSAS!, que vão surgir já para a semana, quando também ela partir. Às vezes, a vida parece querer lembrar-me que há insignificâncias que, ainda que socialmente feitas coisas importantes, não merecem a nossa atenção.

domingo, 13 de setembro de 2009

Le Marriage

Foi um casamento tipo marriage, chic a valer (diria o Dâmaso), o de ontem. O João e a Catarina, ao fim do dia, casaram na igreja do Senhor dos Aflitos. Havia muitos convidados, demais para o meu gosto, muita gente requintada, muitas roupas de luxo, imensos pés magoados, infindáveis cumprimentos hipócritas e, quero crer, muita amizade também. O João era um miúdo traquinas,o meu sobrinho mais teimoso, perito em inventar disparates, capaz de, com a Joana, pôr os cabelos da senhora Joaquina, a empregada da Casa dos avós, completamente em pé. Desapareceram os ovos do galinheiro?! - Foram os Joões! Os cães foram cavar para a horta?! - Foram os Joões! O sacho desapareceu?! - Foram os Joões! Eram sempre eles, os dois primos, quem a senhora Joaquina culpava, com toda a razão!, quando algum disparate acontecia...Agora, ontem, o João casou. Feliz, giríssimo no fraque, seguro ao volante do seu jipe com a mulher ao lado a sair da Igreja, o João começou uma nova vida. Um dia, sei bem, será a Joana. E eu queria muito que a vida os deixasse seguir sem disparates dolorosos. Não como um automóvel último modelo, mas como PESSOAS de facto.
Boa sorte miúdos!

sábado, 12 de setembro de 2009

Despedidas

Costuma dizer-se que as despedidas são sempre dolorosas e eu, com o vício de contrariar, gosto de dizer que não. Que, às vezes, as despedidas são óptimas!! De facto, eu diria adeus, com entusiasmo e alegria, a todas as figuras do governo do meu país, a algumas colegas, a poucos alunos, a bastantes membros da família, a certas personagens do meu quotidiano. Só que, ontem mesmo, tive de dizer adeus, até breve, à minha filha. E estou destroçada! Sinto a falta das nossas conversas de mulheres, das cumplicidades plenas, dos sorrisos, das gargalhadas e até dos exageros da sua rebeldia feita opção política. A minha filha Filipa, como muitos outros jovens de valor, saíu de Portugal porque, simplesmente, o país não lhes deu, a um jovem casal com profissões diferenciadas, condições de êxito. Partiram para Cambridge, onde há quase dois anos vivem, felizes por poderem ver nascer os filhos lá, contentes com a vida que levam, entusiasmados com os desafios que enfrentam. O meu país, que começa a já não ser o deles, deixou-os ir com indiferença, com desprezo até, mais preocupado em subsidiar a mediocridade do que em apoiar a qualidade. Experimento, hoje, um misto de revolta, tristeza e alegria. Custou-me dizer-lhes adeus, custa-me saber o meu neto longe, mas, ao mesmo tempo, enche-me de alegria sabê-los felizes! O que eu acho mesmo é que este país se despede demais das pessoas erradas! Deviamos dizer adeus a Sócrates e companhia, em vez de dizermos adeus a jovens promissores!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Raios e Coriscos

O céu está furioso! Troveja com força, ilumina-se com intensidade, chora em desespero. O céu parece danado com o que vê por cá... Embora lamente o que faz zangar o mundo, não me importo que ele se dane porque eu gosto de trovoadas. Gosto, MUITO, do cheiro a terra molhada, da força dos trovões, da rapidez dos raios.
Agora, aqui sozinha no meu espaço, depois de quase três horas de trabalho para a escola aqui no computador, sou trazida de volta à realidade pela força da Natureza e lembro outras trovoadas.
Um dia, teria os meus seis ou sete anos, estava em casa só com uma empregada e começou uma trovoada terrível, trovoadas de antigamente, daquelas que faziam até o quadro eléctrico saltar da parede. O meu Pai, que tinha pavor (respeito, dizia ele) das trovoadas, chegou a casa e viu-nos às duas, eu calmamente na varanda a ver o espectáculo e a empregada, na cozinha, a rezar. Chamou-me, proibiu-me de me aproximar sequer das janelas e foi meter-se na cama tapado com um cobertor de papa que, diz-se por aqui, protege da trovoada... Eu, com vontade de rir, fui para o pé dele. trepei para cima da cama e fiquei ali, a segurar-lhe a mão, a falar-lhe das minhas histórias, a tranquilizá-lo. Devemos ter estado só os dois, de papeis invertidos, pouco mais de meia hora mas, a mim, pareceu-me uma eternidade! Que bom poder ter o meu Pai só para mim, que bom poder segurar-lhe na mão e brincar com o medo dele. Oiço ainda a reza que, baixinho, ele repetia - "Nossa Senhora da Conceição, faça sol e chuva não. Santa Bárbara bendita, levai para longe o temor". Nunca percebi porque é que eram as mulheres que mandavam no céu, achava que se devia pedir a Deusa e, lembro-me bem, para calar a minha dúvida o meu Pai garantiu-me que Deus estava ocupado com coisas mais sérias... Hoje, sozinha com uma trovoada violenta lá fora, trago as recordações para companhia e, porque já não posso segurar a mão do meu Pai, peço-lhe baixinho que segure ele a minha e nunca me deixe sozinha, desejando que Deus não esteja excessivamente ocupado para ouvir o meu pedido.

domingo, 6 de setembro de 2009

MUDAR

Faz parte de nós, pessoas (umas mais humanas do que outras) a resistência à mudança. Porque nos acomodamos, porque temos preguiça, porque o medo espreita, porque sei lá o quê, tememos grandes alterações e desconfiamos das alterações. É, acho eu, um comportamento legítimo.
No entanto, quando esta resistência se torna vício irracional, eu desespero! Eu, que tanto gosto (também) da minha rotina, não consigo compreender a idiotice instalada que impede a adesão à mudança. E, o que de facto me chateia, sou confrontada com esta teimosia todos os inícios de ano lectivo!!!
Amanhã, vou enfrentar novo combate inglório: - Vou planificar pelo manual, ignorando o programa, centrada em conteúdos, sem pensar em competências, avaliando instrumentos e produtos, esquecendo os processos. Sei que não adianta tentar sugerir a diferença, adivinho as agressões que, confusas???, misturam o profissional com o pessoal e tenho vontade de desistir.
Só que... o silêncio pode ser, por vezes, um acto de cobardia!!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Teatros e Momices

Parece que nós, portugueses, somos um povo com jeito para a representação, para o faz-de-conta. De facto, a nossa História está cheia de histórias de mentiras, de embrulhadas, de faltas de lealdade, desde logo os tempos de D. Afonso Henriques e Egas Moniz. No meu livro de História de miúda havia uma imagem de Egas Moniz, com os filhos à volta, todos vestidos de branco e com uma corda ao pescoço, oferecendo-se ao Rei de Leão (seria Leão?)por causa da deslealdade do nosso Primeiro Afonso e, sinceramente, aquela imagem impressionou-me e manteve-se presente nas minhas memórias até hoje! Pensava eu, sobretudo nas minhas noites de insónia que é quando mais penso, que eram tempos passados...
Ora, ontem à noite, parece que a mentira, a hipocrisia e a representação, voltou a fazer-se notar na figura do primeiro ministro! Confesso que não ouvi, nem vi, a entrevista. A minha alergia ao dito cujo é tão intensa, o meu desespero é tão forte, a minha tristeza é tão profunda que não sou capaz de o ver e, assim que ele aparece, mudo de canal. Ontem, fui para a dança. Só que não me livrei de o ouvir, porque os telejornais insistem em repassá-lo. Assim, com uma colher de arroz de frango a caminho da boca, fui agredida com as declarações sobre os professores. Ouvi, não queria..., o dito personagem falar de "pouca delicadeza", de "dificuldades de comunicação", e já não consegui jantar. Que ousadia!! Como se o problema fosse, apenas, o processo! Como se o mais grave e revoltante não fosse o conteúdo das medidas implementadas!!! Tenho a certeza que, se este homenzinho ganhar as eleições, o que ESPERO NÃO ACONTEÇA!, vai reassumir a sua arrogância e os ataques a todos os que trabalham. Hoje, só rezo para que a minha gente, os portugueses de verdade, não se deixem ir em representações de actores de má qualidade e impeçam o PS de ganhar!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Afinal...

Afinal, nem tudo é mau. Se o regresso à Escola foi doloroso, desagradável, feito de repetições e tristezas, o regresso, à noite, às minhas aulas de dança foi formidável! Tinha saudades do tango, da rumba, do cha-cha-cha, da valsa, da salsa e até do kizomba que, depois de detestar, passei a adorar. Fez-me bem reencontrar a cumplicidade do meu par, o esforço posto nos passos que o professor quer perfeitos, as coreografias que eu, sempre cheia de mil coisas na alma e na cabeça, já mal lembrava. Depois de uma manhã terrível, até com chaves do carro perdidas!!, chegou a noite a ajudar-me a sobreviver. Afinal, penso agora, no silêncio absoluto do meu espaço, nem tudo é mau...