quinta-feira, 19 de março de 2015

DIA DO PAI

Pai, não tivemos tempo para dizer tudo. Há, ainda, muita coisa que queria dizer-lhe, só a si, sabendo que, mesmo nem sempre concordando, estaria ao meu lado... Lembro-me dos passeios na nossa Serra, das idas para espreitar a caça, dos tiros que nos faziam esconder a perdiz clandestina. Lembro-me, sempre, da casa cheia, da amizade constante por todos, do imenso prazer em abrir a porta de casa escancarando o coração. Lembro também, claro, os desgostos grandes. Os silêncios, as madrugadas angustiadas, as solidões iludidas.
Pai, na missa há um cântico que diz "O Senhor é meu pastor, nada me faltará". Não consigo ter a plenitude desta Fé feita confiança, porque o meu Pai faz-me falta sempre. 
Pai, desde que partiu o Natal nunca mais foi o mesmo, a Serra nunca mais brilhou igual, a varanda nunca mais se encheu de alegria e a mesa redonda nunca mais precisou do tampo de aumentar.
Hoje, bem cedo, fui passear no mundo que era nosso. E ouvi o cuco! Lembra-se como, ano após ano, queria ir ouvir o cuco? Dizia sempre que não se morria no ano em que se ouvia o cuco. Ouvi-o hoje. Quero acreditar que foi Deus que o mandou cantar, sabendo que me fazia falta ouvi-lo. Obrigada Pai!

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