E lá volto eu à Educação... Devia já, ao fim de tantos anos, lidar com estas questões com indiferença e alheamento mas, ou seja que vou envelhecendo - e por isso se me agudizam os sentires (se possível fosse) - ou seja que os casos tristes não deixam de acontecer, continuo a precisar de desabafar as minhas angústias profissionais. E, desta vez, a minha tristeza desalentada nasceu em duas visitas de estudo que realizei...
Eu acredito, mas verdadeira e convictamente, que ver, experimentar, interagir, dar dinâmica aos processos de ensino e aprendizagem é determinante para o sucesso dos alunos. Assim, lá ousei desafiar dois colegas, porventura tão idealistas quanto eu, e metemo-nos a caminho do Porto Romântico para uma visita de dois dias, levando 47 alunos de 11º ano. Gente com 16/18 anos, até 19... Ora tudo parecia correr bem, com as habituais cantorias e reclamações sobre tudo, quando, perante a minha estupefação e indignada surpresa, sou chamada à portaria da Pousada de Juventude, pois o dono do café em frente queria falar com o professor responsável pelo grupo. E aí a minha surpresa transformou-se em indignação! Três jovens tinham resolvido ir para o café meio despidos, em robe, de boxers e t-shirt de alcinhas. Três rapazes maiores de idade que, quando os interpelei, me perguntaram onde estava escrito que não podiam ir despidos para a rua... Nunca, nem por um instante, estes alunos reconheceram o absurdo e pediram desculpa!
Mal refeita da desilusão, ontem mesmo fui a caminho de Lisboa com mais 50 jovens, desta vez, alunos de 10º ano. Ora não é que, em pleno Rossio, resolveram arrancar as penas de leme a um pombo? E não é que umas meninas saltaram para cima - literalmente - de um actor de novelas que filmava junto ao elevador de Santa Justa?!
Dormi mal. Porque acho que estou a falhar como educadora! A Escola tem de educar, tem de ser capaz de promover comportamentos responsáveis, tem de saber desenvolver competências sociais. E não me venham dizer que a família é que tem de educar porque, sabemos todos, a família modelo (seja lá isso o que for) há muito faliu...
Mais grave, para mim que sofro com isto, é que eu sei como poderiamos fazer . Não é preciso trabalhar mais, basta trabalhar diferente...