sexta-feira, 30 de novembro de 2018

PARADOS NA ESTAÇÃO??

É comum, e creio que pacífico, encontrarmos resistência à mudança. Afinal, sairmos da nossa zona de conforto, sermos confrontados com situações que desconhecemos, desafiados para práticas que não dominamos completamente, provoca alguma ansiedade, angústia mesmo. É cómodo sabermos o que nos espera, reconhecermos os espaços e dominarmos, ainda que ilusoriamente, os contextos. No entanto, se nunca sairmos da nossa zona de conforto, se nunca nos confrontarmos com a necessária transformação de práticas, nunca evoluímos!
Penso, no silêncio da minha insónia, o que seria se, por exemplo, não tivesse aprendido a utilizar o computador e continuasse a escrever, sempre, no meu caderninho pautado... Penso, também, como poderia iludir as saudades terríveis dos meus netos, se não tivesse sido capaz de dominar a apreensão incómoda que viajar de avião sempre me provoca...
Como professora, tenho sido confrontada com mudanças frequentes. Muitas reformas, muitas alterações, muitas propostas pedagógicas e didáticas diferentes que me provocam e me tiram da minha zona de conforto. Sempre quis saber mais e experimentar. Às vezes, discordando completamente; outras vezes, envolvendo-me convicta! 
Nos últimos três anos tenho sido muito provocada e incomodada. O mundo, a esta velocidade alucinante a que vivemos, arrancou-me à minha zona de conforto e, sem aviso, colocou-me perante desafios, provocações e muitas dificuldades. Tenho consciência de estar a viver um momento histórico, o Tempo da transformação profunda do paradigma educativo. Agora, em vez de pensar "o que vou ensinar, hoje?", penso "o que vão os alunos aprender hoje? O que contribuirá para a felicidade deles o trabalho de hoje?" 
E como me preocupa a felicidade deles! 
Eu sei que mudar custa, incomoda. Mas sei, também, que é impossível ficar especado na estação vendo os comboios passar se quisermos entrar nesse amanhã que se iniciou ontem!!

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