quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

NEVE

É quase Natal. Tenho a casa com muitos embrulhos, cheira a doces e o meu coração, já mole, está quase a desfazer-se. O frio faz-se sentir e eu recupero a memória da neve, o vinho quente e o abraço escaldante nas pistas velozes de mil cores.
A neve é um lugar perfeito. Prefiro, de longe!, a neve à praia. 
Na neve, bem cedo as vozes soam enérgicas, as cores dos fatos transbordam vida e o café forte enche os espaços. 
Gosto das subidas para as pistas, olhando cá em baixo as pegadas dos bichos que, durante a noite, recuperam o espaço que é deles. Gosto das descidas velozes, dos óculos embaciados, do nariz congelado e muito à moda da rena Rodolfo. 
Na neve, até fazer xixi é divertido, porque é preciso não deixar cair os casacos, não permitir que as calças se encharquem na lama que foi neve.
Depois, à tarde, há o chocolate quente, ou o vinho aromatizado, as conversas cheias de gargalhadas, as quedas lembradas como divertidas.
E chega a noite. Os vidros embaciam-se, o banho quente aquece a alma e disfaça as nódoas negras do dia. Na neve, na montanha, as estrelas brilham de modo especial e parece choverem carreinhos de felicidade directamente no quarto de hotel.
Na neve, o jantar permite excessos - afinal, são férias!-, e o sono não se faz difícil porque o cansaço é muito.
É quase Natal. E Natal é tempo de neve. Gosto tanto da neve!

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