terça-feira, 15 de janeiro de 2019

ARTE?

Quando Picasso pintou Guernica, tinha um propósito. Ou muitos. Mas um, era claro: - Servir-se da Arte para agitar consciências, para alertar a humanidade para o horror da guerra. Hoje, toda a gente, ou quase, reconhece em Guernica um grito de dor contra a guerra. Destroços. Restos de gente, animais símbolos desfeitos, mães sem filhos. Olhamos com dor e perguntamos como foi possível.
No entanto, ao nosso lado, nesse mediterrânio sujo e próximo, continuam a morrer milhares de pessoas. Cruzam-se os desesperados, afogados adiados, com os cruzeiros de luxo dos grandes paquetes de cruzeiros milionários, e nada fazemos. Pior, fingimos nada podermos fazer, criticamos os que tentam escapar a outras guerras, à fome, ao medo, à violência, à falta de liberdade. Estranho o mundo de hoje. O mundo dos contrastes e das palavras sem sentido. Porque de nada serve falar, dizer que a guerra é terrível, quando nada ou pouco fazemos por aqueles que procuram a paz.
Não é só o muro assassino a construir na fronteira do México que envergonha o mundo moderno. Não é só a ditadura da Venezuela. É aqui ao lado, na velha Europa de raiz nos pensadores gregos, que se morre numa luta que se está a tornar rotina.
Tenho medo. Tenho vergonha. Medo do crescer do ódio, vergonha da minha aceitação tácita  do sofrimento alheio. Devia ser diferente! Guernica não pode mesmo ser apenas um quadro valioso num Museu lindo!

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