quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Aniversário

O meu neto mais pequenino, aquele bebé que me tirou o sono na hora de nascer, aquela bolinha que nasceu no Norte, já faz 4 anos! Hoje, é um rapazinho decidido, impõe a sua razão, é corajoso e terno. O meu neto António é o último dos bebés da minha existência. E eu olho este rapaz com receio do futuro, e confiança na força que lhe adivinho. Daqui a pouco, vou abraçá-lo, cantar os parabéns e vê-lo delirar com uma caixa de 10 hot wheels. É tão bom quando os carrinhos fazem a felicidade plena!!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

PASSADO E FUTURO

No Panteão, ali mesmo entre duas praças, naquele enorme edifício redondo, o céu anuncia-se sem proteção. Olho  e, do buraco redondo, o azul do céu desafia-me. Depois, caminhando na magia de cada pedra, passando pelo Quirinale, descobrindo as quatro fontes das esquinas de quatro edifícios, caminhando pela Via Veneto (ah Dolce Vita!), surpreendida pela fonte do tritão, chego ao cimo da Praça de Espanha. Dali, os telhados são o cenário. De novo o céu... 
Roma oferece-se orgulhosa, segura da sua história e beleza e, de cima, descubro o Corso Condoti com as lojas luxuosas de marcas de renome. Roma associa passado e presente, futuro também. 
Roma. Hei-de voltar!

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Roma

Viajar é, sempre, a melhor forma de ser livre, a melhor forma de aprender. Ofereci-me, de aniversário antecipado, uns dias em Roma e, de facto, sinto-me realizada e feliz. Vivi a história, mas vivi o presente. Caminhei por todo o lado, espantando-me com as fontes, as praças e pracinhas, as mil igrejas, o excesso de luxo do Vaticano a par com a mendicidade que enche as ruas... 
Aprendi que a felicidade tem de estar, em primeiro lugar, dentro de nós mesmos. É um lugar estranho que tem de nos encontrar em paz. Em Roma, encontrei a minha paz. Há pouca coisa que valha, de facto, grandes dores porque, afinal, tudo passa num sopro da história.

O meu aniversário, quase a chegar, nesse dia estranho que nem sempre existe, será vivido no mimo dos netos mas, antes, Roma, cidade de ruas estreitas e praça, de Arte e de fontes, ajudou-me a iniciar um novo ciclo. Obrigada Roma!



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O ABRAÇO

Tenho pensado que o abraço é mesmo a forma mais eficaz de reduzir a diferença entre duas pessoas. Acho mesmo que o abraço devia ser o único nó, o único aperto, pelo qual temos de passar.

Mas, ultimamente, tenho encontrado poucos abraços e muita distância. Distância de um mundo que não me envolve, que faz distanciar-me, que me agride. Acabei de ver que em França as escolas se propõem substituir a designação de mãe e pai, para responsável 1 e responsável 2. 
ABSURDO! Estamos a desumanizar, mais ainda, um mundo que se faz de politicamente correctos e essencialmente incorrectos. 
Não percebo a loucura em que vivemos, o que parece ser medo da proximidade e da humanização de comportamentos! Acredito, ou quero acreditar, que o desenvolvimento das tecnologias nos deixará mais tempo para as PESSOAS... Começo a ter dúvidas. Não confio nos dirigentes deste momento histórico caracterizado pela obediência ao culto da aparência.
Responsável 1 e responsável 2?? Ou responsável 1+1, para não haver hierarquias nem marginalização??
IDIOTICE perfeita!
Idiotice que só um forte abraço conseguia agora fazer-me ignorar.

6 ANOS

A minha neta Constança faz seis anos. Já lhe caíram dois dentes, já sabe escrever o nome, adora ser pirosa (brilhantes e folhos são com ela), delicia-se com histórias e dá os melhores abraços da minha existência. A minha neta faz anos longe, mas eu sei que está feliz. Porque é bom ter seis anos, acreditar nas fadas e no poder do faz de conta, adormecer embalada no mimo dos pais e saber de cor o número do telemóvel da avó para pedir coisas boas.

Adoro a Constança. Aliás, os meus netos são o sentido da minha actual existência. Longe, penso nos seis anos felizes desejando que nunca, seja qual for a idade, a minha Constança deixe de ser a menina sonhadora e feliz que, agora, me abraça dizendo que gosta muito de mim!
PARABÉNS Constança! Gosto muito de ti, minha querida.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Arrumações

O tempo passa e, sem darmos por isso, vamos acumulando muita coisa: - livros, cartas,  roupas, tachos, tigelas e montanhas de fotografias. Hoje, tirei a manhã para tentar arrumar - tentar, porque no fim fica tudo igual e eu com a alma em farrapos-, e descobri memórias de outros tempos. Dos tempos em que, como dizia Álvaro de Campos "(...) festejavam o dia dos meus anos e ninguém estava morto". Esbarrei com a minha 

 
avó, com a minha mãe e eu, passeando por Lisboa, encontrei o meu Pai jovem e com o olhar cheio de esperança. São tantas memórias...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

ANESTESIA

A sexta-feira é hoje assim, calma e tranquila, vendo chegar a noite em sossego com o meu eu. Olho o escuro, que apenas a lareira ilumina, e não me apetece ceder à tentação de pensar. Tenho muito para pensar, muito para fazer, mas concedo-me o direito à preguiça e fico sentindo a paz que me envolve. É boa esta paz que a vida me concede. É bom não querer nada, não desejar nada, não ter saudades de nada, não sofrer por nada. É estranhamente tranquilizadora esta sensação de vazio e indiferença que me permite, ainda que por breves minutos, sentir o escuro quente a anestesiar-me a emoção.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Convidaste-me para dançar

Apanhaste-me descalça, alma de cigana dizias, e convidaste-me para dançar. O lume ardia e o CD trouxe-nos uma música lamechas, muito lamechas, que fez o teu corpo enrolar-se no meu. Despenteada,  cansada, com a alma ainda em farrapos, deixei-me levar pela música, deixei amolecer as reservas. Começamos no silêncio, apenas a música a soar, e escondi as lágrimas no teu ombro. Ouviste o meu silêncio e deixaste-me navegar, ao de leve, na crista das ondas da tua emoção. A música continuava e o nosso desejo crescia, intenso, no abraço ritmado. Era o Have I told you latetly that I love you?, Rod Steward, e o calor da voz fez estreitar mais o nosso abraço.
Baixinho, murmurando, repetiste o cliché. Ouvi e fiz eco. Sim, às vezes esquecemos-nos de dizer essas frases vazias que, sei lá porquê, aquecem a alma. Não fomos jantar fora, nem calcei os sapatos, mas celebramos o amor. Esse, o que nos une sempre, para além dos muitos (a)pesares!

DIA DOS NAMORADOS


O Dia dos Namorados tem sentido. Marca a ternura, a cumplicidade, faz mais intenso o abraço e ilumina a noite. 

Obrigada pelas flores, lindas!
Obrigada pelos chocolates, deliciosos!
Obrigada pelos beijos, saborosos!
Obrigada pelo olhar, terno!
Obrigada pelo acordar, abraçado!
Obrigada pelo jantar, é mesmo o meu restaurante preferido!

Obrigada, amor, por todos os clichés, todas as vulgaridades, todos os lugares comuns que, hoje, fazem do meu quotidiano um lugar incomum.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Hino à Estupidez


HINO À ESTUPIDEZ

Viva a incapacidade de compreender!
Salve a teimosia cega!
Saúde à capacidade de eternamente reproduzir o mesmo modelo!

Viva a Estupidez!
Viva quem consegue não ver, não ouvir, não olhar o mundo sempre a girar,
Viva quem consegue mentir, insultar e agredir sem nunca perdoar,
Viva quem atingiu o limite do conhecimento e nada mais tem para aprender,
Viva quem não sabe sorrir, mas sempre ousa agredir!

Viva a Estupidez!
Sejamos convictamente estúpidos!
Sejamos convictamente ignorantes!
Sejamos convictamente passivos!

Viva a Estupidez!
Recusemos participar,
Neguemos o óbvio,
Calemos a dor da injustiça!
Viva a Estupidez!

E bem-aventurados os estúpidos, que deles é o reino da Terra!

DesRazão

A responsabilidade, ou a maldita culpa dos muitos desentendimentos, é da razão. Ou seja, a razão é individual, não gosta de trabalho colaborativo, pratica o mau hábito de vencer sempre  e , por isso, incomoda-se com outras razões. Quando duas razões se encontram, estala a desrazão e cresce a agressão.
A razão de cada um, acha sempre que a vizinha razão o não é. E conseguir que duas razões coexistam parece, infelizmente, ser cada vez mais difícil...
Quem tem razão, quando se encontra com razão alheia, tem três formas de reacção:  
1. Se a inteligência não abunda e os argumentos são inexistentes, parte para agressão: - Insultos, pancada, etc;
2. Se a cidadania é real, e a inteligência mediana, opta-se pela manutenção da razão individual: - fica-se surdo, de visão reduzida, usa-se a frase talvez eu esteja errado, mas não vou mudar de opinião;
3. Se se trata de um cidadão inteligente e cívico, o diálogo acontece. As razões confrontam-se e, MILAGRE!, nascem novas razões cheias de sentido e potencial.

Infelizmente, cada vez o ponto três está mais vazio de praticantes. O ponto um, pelo contrário, abunda...

Ainda um dia hei-de fazer um hino à estupidez!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

CONFORTÁVEL

Estou bem assim, estou confortável com o que faço, para que hei-de mudar? - Oiço e espanto-me! Como é possível que um adulto com responsabilidades, especialmente na Educação, se sinta confortável num país onde são assassinadas 500 mulheres em dez anos, onde as Jamaicas são quotidianos de terror, onde os jovens se drogam à porta das escolas, onde mais de 50% dos alunos não conclui a escolaridade obrigatória no prazo de 12 anos? De que conforto falamos? Do conforto e egoísta indiferença, talvez.
Acredito - sim, é utopia (mas o que seria o mundo sem utopia?) - que a evolução das tecnologias nos vai permitir ter tempo para reorganizarmos a sociedade e, para mim, esse tempo deveria ser para adubar a humanidade.
Não me sinto confortável na polis que integro. Não gosto da desesperança que leio no olhar de muitos jovens, não gosto da desistência do outro, tira-me o sono a violência que grassa. Porque não estou confortável, porque tenho aprendido com a alma o que dói a violência e agressão gratuitas, não desisto da prática da diferença.  Confortável? Talvez quando morrer...

domingo, 10 de fevereiro de 2019

MORRER NÃO CUSTA

Morrer não custa nada. Aliás, morrer é uma fraqueza a que estamos condenados. Fechamos os olhos, ou nem isso, e tudo acaba de vez. Mortos, não temos saudades, não temos de procurar sentidos em cada dia, não precisamos olhar a violência e não tememos pelos nossos. Morrer é uma condenação para provar, como se preciso fosse, que o ser humano é frágil e insignificante.
Viver, pelo contrário, é difícil que se farta. Para vivermos de verdade, não apenas para existirmos, mas para vivermos mesmo, temos de ser fortes e resilientes. 
Os vivos precisam de reinventar cada amanhecer, de se dar verdadeiramente aos outros, de amar, de confiar, de acertar a gargalhada com o momento insólito. Estar vivo significa pensar, ter consciência do fim e, ainda assim, fingir a eternidade. Os vivos têm de saber desistir, têm de ser capazes de insistir, têm de achar muita graça ao mês de férias mesmo sabendo que os outros onze são de esforço.
Viver é, também, ser um bocadinho (muito) dos outros. Deve ser por isso, acho eu, que vivemos a olhar os outros e não a nós mesmos, pois temos os olhos virados para fora...
Eu já morri algumas vezes. 
Mas agora resolvi dar luta e quero viver! Ressuscitar é doloroso, mas tem a garantia de haver, sempre, uma nova hora.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

A CANECA

Alguém me ofereceu há muito tempo, a minha amiga maior!, uma caneca que diz que a vida não precisa de ser perfeita para ser maravilhosa. Uso a caneca diariamente, é boa para o chá quente, para o leite morno que ilude a insónia também, mas só esta noite me concentrei na máxima que tem inscrita. 
É verdade! A vida faz-se de pequenas imperfeições, de possíveis, de adaptações e aceitações e, nunca, de perfeições. Estou a tentar aprender que a vida pode mesmo ser maravilhosa e que, para que isso seja realidade, precisamos desligar-nos do que nos faz mal, do que é negativo, do que nos fere. Desgraças, incómodos, só mesmo os que a falta de saúde, incontrolável, pode acarretar.
Ontem, há bocadinho, sexta-feira ainda, vivi um momento maravilhoso. No CAEP da minha cidade, os CAEPVOICES, vozes que conheço de muitas conversas, encheram de timbres, melodias, ritmo e alegria, o meu serão. É bom estar rodeada por gente lagóia, como eu, partilhar momentos sem olhares críticos e feitos de condenações. É bom ouvir boa música, sentir depois o frio da noite, alinhar na bebida tardia - mesmo sabendo que irá abrir a porta à insónia -, e chegar a casa rindo. Daqui a pouco, de novo o trabalho. A educação inclusiva, o 54, as medidas universais, a minha vontade consciente de ajudar a fazer diferente, a fazer melhor. Por agora, quando a noite ainda embrulha o meu mundo, é bom sentir o corpo vivo e a vontade de continuar seguindo ritmos de encantamento.
A caneca tem razão. ainda que não perfeita, a vida pode ser maravilhosa!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

POST-IT

Post-it. Na minha desorganização natural, onde me vou encontrando e conseguindo, com algum sucesso, orientar-me, entraram recentemente os post-it. São uns papelinhos que colam, servem para apontar coisas importantes, lembram urgências e sugerem afazeres. No meu trabalho, a moda dos post-it estava instalada quando cheguei e eu, de início, resisti. Para que quero eu isso, se tenho o telemóvel, e três agendas? Guarde, vão fazer-lhe falta, respondiam. E tinham razão. 
Aos poucos, fui adoptando o vício do papelinho amarelo e, hoje, quando cheguei ao trabalho, reparei que o ecran do meu computador está rodeado de amarelinhos escritos. Estão números de telefone, estão emails, estão datas, estão mimos e ternuras escritas que me deixam e me enchem de alegria.
Estou tão adepta de post-it que vou escrever um, para colar dentro de mim, lembrando-me que a felicidade é coisa de cada um e de cada qual! 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

FORMIGAS

O Bob Dylan diz, entre as muitas coisas acertadas que diz, que  "Nada é mais estável que a mudança." Deve ter lido Camões, que já tinha alertado para a permanente mudança que caracteriza o Tempo... de facto, a mudança, a constante transformação de cada eu e de cada nós, de cada eu com cada tu, é uma das principais marcas da Humanidade. E nós, protestando, estrebuchando, ou simplesmente aceitando, lá vamos gerindo a nossa adaptação à transformação, a muitas mudanças.
Hoje, eu estou numa adaptação a formigas. Nem mais.
Sempre odiei formigas. Aliás, acho que o La Fontaine não devia estar bom da cabeça quando tentou que preferíssemos a bichinha preta e muda, à canora cigarra... Num dia gelado e cheio de sol, eu tenho a minha mesa de trabalho cheia de formigas. As folhas mexem-se, os pontinhos negros circulam e eu vou matando aqui, sacudindo ali, praguejando sempre. 
Dantes, só havia formigas no Verão. Só havia formigas junto a coisas doces. Agora, há-as o ano todo, mesmo onde não há alimentos. Será que já sabem ler? Será que acreditam, como eu, que a Escola pode ser doce?
Malditas bichinhas que me incomodam e distraem! Malditas formigas que me fazem pensar como a insignificância, se colectiva, pode ser incomodativa.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

INEXPLICÁVEL

Considero-me uma pessoa disponível para transformar o meu pensamento. Estou sempre receptiva para frequentar formação, para ouvir quem pensa de forma diferente, para reformular aquilo que defendo, se justificável. 
Confesso-me, também, uma acérrima defensora das crianças e dos jovens. Não acredito que a juventudes esteja cada vez pior, gosto de estar com os alunos e reconheço que aprendo muito com eles.
No entanto, há coisas que não consigo mesmo compreender. 
Qual é o interesse, a graça, o sentido, das bombinhas de mau cheiro que no Carnaval, que já começou, inundam as escolas? Que graça pode ter termos de trabalhar, de conviver, de permanecer, num espaço que cheira pessimamente? Ainda por cima, os próprios autores dos rebentamentos mal cheirosos têm de os suportar!! 
Sem querer ofender todos, mas com vontade de ofender alguns, acho mesmo que quem usa estas bombinhas só tem porcaria na cabeça e gosta, vá lá saber-se porquê, de chafurdar na porcaria...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

POESIA



Para as crianças tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o voo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não veem.
 (Ruben Alves)


E os eruditos, os arautos da sabedoria e da verdade que é só deles, continuam a punir e a combater o direito natural das crianças ao espanto! 
Aos poucos, num sistema formatado, feito de modelos maioritariamente anquilosados, a Escola Pública insiste em matar a poesia e o natural gosto pela aprendizagem das crianças e jovens.
Hoje, quando o sol frio não chega para me aquecer a alma, quando vejo as crianças felizes que enchem o pátio da escola lamentando ter de ir para a sala de aula, penso que não pode ser possível, em consciência, não acreditar e não querer construir práticas diferentes.
Nem tudo é Poesia. Mas não se pode viver sem Poesia...

sábado, 2 de fevereiro de 2019

PERFEITO

Há dias perfeitos, e o meu sábado foi exemplo disso! 
Este mês de Fevereiro, o mês mais pequeno do ano, começou da melhor maneira e eu estou bem comigo, estou contente e satisfeita. 
Passei o dia a trabalhar. A Professora Ariana Cosme, num discurso de conhecedora efectiva, sem necessidade de se colocar em bicos de pés, encheu as horas de sentidos na Educação. O optimismo, as evidências apresentadas, o discurso fluente e agradável, a convicção no que propõe, a capacidade de nos olhar e nos compreender, fizeram deste sábado um dia de aprendizagens significativas.
Eu, que convictamente acredito (já me acusam de falar vezes demais nisso...) na transformação da Escola Pública; eu que defendo uma Escola para todos e  que acredito, de verdade, que é possível fazer diferente e melhor, estava a precisar desta injecção de energia. É que, de tanto esbarrar com obstáculos, até eu já começava a vacilar. Apetecia-me abraçar com força a Professora Ariana para lhe agradecer o que me ensinou, a força que me deu para continuar. Apetecia-me ousar pedir-lhe para voltar, para vir mais vezes até Portalegre!
Cheguei a casa de alma cheia, alegre mas cansada. Enrolei-me frente ao lume e travei a nostalgia que ameaçava instalar-se. Fui para a música, afastei a neura anunciada e saí.. O Quarteto do Sol, agora com o Miguel Monteiro, encerrou com chave de ouro o meu sábado. Apetecia-me que não acabasse mais. Apetecia-me poder pousar nas notas certas e desfazer-me assim, no ar, em ritmo sentido e intenso.
Há, mesmo!, dias perfeitos!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

A Dita Carta de Amor


Meu Amor,
Odeio-te. Odeio-te nos tempos da tua distância, no abraço gelado com que a noite me acolhe. Odeio a ausência do teu abraço total, do beijo profundo, das ousadias quentes que davam sentido à noite escura. Onde foi que nos perdemos, quando foi que a teia que nos envolvia se quebrou? Sim, sei de cor os conselhos vazios, iguais e ineficazes; conheço todos os ses que nunca serão; sinto os impossíveis que construíste em torno do sonho que era só meu.
Odeio-te, meu amor.
Odeio-te com toda a força da minha indignação feminina, com a energia do desejo que me não deixa dormir, que me molha o olhar e atraiçoa os sentires.
Na minha essência sonhada sinto-te ainda. O vinho tinto tinha sabor, as ameijoas e os mexilhões eram temperados de loucura. Picavam, sim. Como pica, agora, a carapaça de indiferença que carrego sobre a pele.
Meu amor, odeio-te!
Odeio-te e olho as fotografias que o computador me devolve, provocante, incómodo, impositivo. Ali, junto ao mar, riamos juntos. Eram as caminhadas matinais, a água ainda fria, as gaivotas por companhia. Porque gritavam as aves marinhas, perguntava eu, então achando que eram felizes. Hoje, sei que grasnavam pela felicidade de não terem saudades, de não sentirem, de não pensarem. Como o gato que brinca na rua//como se fosse na cama, as gaivotas não sabem que as caminhadas à beira-mar não são eternas. Mas eu sei. Tu ensinaste-me a saudade e o desalento da ausência imposta. Obrigada por isso, aprender é sempre gratificante, dizem…
Odeio-te, meu amor.
Odeio a tua presença imposta na minha solidão, a minha incapacidade de te eliminar também. Cabia inteira no teu abraço, ficávamos um só, na cama que agora é enorme, e viajávamos nos nossos corpos sem necessidade de GPS. Agora, perco-me em atalhos e semideiros escusos, diria Fernão Lopes, e não chego ao destino. O destino? O fim? Diria Reis ser o profundo reino de Plutão.
Sabes, talvez tenha chegado já. Sem ti, cheguei mais depressa, mais leve até.
Meu amor, odeio-te!
Com força. Com a mesma força, meu amor, com que desejo o teu/nosso abraço total de novo no meu corpo.
Adeus Amor.
Vou. Já fui. Fui depois de ti, para lá do nada, para esse lugar onde a gente sorri sem saber por que razão as lágrimas insistem em cair.
Odeio-te, meu amor!
E sempre te vou Amar Assim, com a força do ódio que me impões!
LM

REUNIÕES

Portugal tem o vício das reuniões. Podia até ser uma prática positiva, uma forma de fomentar trabalho colaborativo, de partilhar ideias. Mas não é. A maior parte das vezes, as reuniões servem para ouvir discursos repetitivos, ineficazes e cansativos. E, como não se faz uma avaliação séria sobre o efeito prático destas práticas,  gastam-se milhares de euros a mandar gente do todo o país para Lisboa.... 
Lá vou eu, daqui a pouco, mais uma vez a caminho da capital. Para ouvir o que já ouvi mil vezes, para gastar o meu carrinho, para me estafar por coisa nenhuma. Que pouca vontade tenho de me fazer, de novo..., à estrada para trabalhar. Como preferia ficar na minha cidade, no meu trabalho com as minhas escolas!