domingo, 10 de fevereiro de 2019

MORRER NÃO CUSTA

Morrer não custa nada. Aliás, morrer é uma fraqueza a que estamos condenados. Fechamos os olhos, ou nem isso, e tudo acaba de vez. Mortos, não temos saudades, não temos de procurar sentidos em cada dia, não precisamos olhar a violência e não tememos pelos nossos. Morrer é uma condenação para provar, como se preciso fosse, que o ser humano é frágil e insignificante.
Viver, pelo contrário, é difícil que se farta. Para vivermos de verdade, não apenas para existirmos, mas para vivermos mesmo, temos de ser fortes e resilientes. 
Os vivos precisam de reinventar cada amanhecer, de se dar verdadeiramente aos outros, de amar, de confiar, de acertar a gargalhada com o momento insólito. Estar vivo significa pensar, ter consciência do fim e, ainda assim, fingir a eternidade. Os vivos têm de saber desistir, têm de ser capazes de insistir, têm de achar muita graça ao mês de férias mesmo sabendo que os outros onze são de esforço.
Viver é, também, ser um bocadinho (muito) dos outros. Deve ser por isso, acho eu, que vivemos a olhar os outros e não a nós mesmos, pois temos os olhos virados para fora...
Eu já morri algumas vezes. 
Mas agora resolvi dar luta e quero viver! Ressuscitar é doloroso, mas tem a garantia de haver, sempre, uma nova hora.

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