sábado, 30 de março de 2019

LAMPREIA

Comer lampreia não é para todos. Há quem se delicie, há quem sinta uma tal repulsa que impede que prove. Eu adoro lampreia! Sobretudo, adoro a lampreia que a Lena cozinha, ali junto à barragem de Belver, no apeadeiro do comboio.
Quando era miúda, era obrigatório, duas vezes por ano, ir à Lena. Brincava cá fora, com outras crianças, enquanto os adultos almoçavam. Mais velha, era a companhia do meu Pai nestes momentos. Conduzia, e como o meu Pai confiava na minha condução!, e conversava durante o maravilhoso petisco. Então, as lampreias eram apanhadas ali mesmo, no Tejo, junto à barragem. Havia muitos barcos, lembro-me de ver sacos cheios daqueles animais escorregadios, feios, mas muito saborosos. Hoje, voltei à Lena. Já não há muitos barcos a pescar, o rio parece uma ribeira, não vi lampreias vivas. Mas comi lampreia deliciosa, vinda do Mondego…
É assim a vida. Muda tudo, alteram-se cenários e práticas mas, para mim, há sempre uma ligação emocional que nenhuma modernidade consegue destruir.
Ir à Lena, comer lampreia, não só me consola o estômago como me enche de emoções e memórias que não quero perder!

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