sábado, 6 de abril de 2019

COMER,ORAR e AMAR

Devo ter visto o filme Música no Coração mais de vinte vezes. Ainda assim, sempre choro e sempre sofro quando a família Von Trapp  se esconde no cemitério... Quando estive em Salzburgo, olhando as montanhas e a cidade linda, esperava ver surgir um horroroso alemão a cada esquina, ouvia dentro de mim a Maria a cantar e cantarolava, em silêncio e só para mim, o edelweiss. A Música no Coração era, para mim, uma referência de jovem, de adulta também.
Agora, o filme das valsas e da paixão entre montanhas, corre o risco de ser ultrapassado pelo Comer, Orar e Amar. Vi, pela primeira vez, o filme no cinema. Depois, comprei o DVD e revi muitas vezes. Agora, com a vantagem que a Netflix oferece, vejo regularmente. 
Gosto da actriz Julia Roberts, do actor Javier Bardem, de cenários naturais e belos. Mas, neste filme, é a procura de um sentido para o eu que me cativa. Em Roma, como a actriz (salvo as devidas proporções) , também tentei encontrar um sentido para a minha existência. Não estava nas pizzas, não o achei no osso buco, nem sequer o descobri nas muitas igrejas. Ao contrário de Júlia Roberts, não fui para a Índia, não procurei um guru. Não só não fui por não ter dinheiro para isso como, muito a sério, seria dos últimos países para onde escolheria viajar. Detesto humidade, choca-me a miséria, odeio insectos! Também nunca fui a Bali, nem sequer tenho fé nos videntes, mas conheço muito bem o confronto com uma realidade onde não nos sentimos confortáveis. Conheço, na primeira pessoa, a fraqueza de não conseguir partir, mudar tudo, procurar o tal sentido (será que existe?) que nos faz falta a cada respirar. Rezo. Não em Bali, mas por aí. Rezo, agradeço, peço perdão e falho. Não me realizo. Amo. Apaixonadamente as minhas filhas e netos! Mas, ainda assim, muitas vezes me sinto sem rumo. Perdida. Sem razão de existir. Como a actriz, só que na realidade!
Comer, orar e amar não é um grande filme. Não é uma obra-prima, não tem um argumento incrível. Mas tem alguma coisa que me toca e encanta.
E pronto, lá vou eu, de novo, ligar a Netflix...

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