terça-feira, 11 de junho de 2019

AINDA O 10 DE JUNHO

Já hoje é 11 de junho, já passou o Dia de Portugal, e eu continuo com os olhos húmidos, a alma surpreendida, após ouvir o discurso de João Miguel Tavares. 
O João Miguel, tão lagóia como eu embora há menos tempo, teve a coragem de dizer o que muitos sentimos neste momento. Com frontalidade, o João Miguel falou da amnésia colectiva em que vivemos, de corrupção gritante e continuada, da incapacidade de fazer funcionar a justiça de oportunidades. De forma clara, denunciou o vício das "famílias influentes", das cunhas, das eternas preferências por conhecimentos pessoais e/ou partidários. 
Lembrou a sua história, cada um de nós tem uma para contar..., e mostrou que, embora o 25 de Abril tenha, sem dúvida, trazido muitas melhorias sociais, não estão assumidas todas as necessárias. O João Miguel questionou o futuro, sem dramatismos mas com verdade. Ouvi, com a alma encolhida e os olhos cheios de água. Como fazer diferente? É tão urgente...
Olho a minha cidade, constato o peso - imenso e insuportável - da interioridade. Também as minhas filhas partiram, e os meus irmãos também. Fiquei eu. Feita de um telurismo que me encanta e limita. Fiquei eu. Num lugar onde os espertos se safam sempre, onde a inteligência tem medo, onde o silêncio cresce no medo continuado...

1 comentário:

  1. E eu, Luisa?! Cidade que á força escolhi, tal como José Régio, já que nessa altura os empregos escasseavam por toda a parte e foi a SUA cidade que nos acolheu. Nela criei os filhos que como sabe também voaram... mas nela tenho sido feliz, posso até dizer muito feliz!

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