Eu bem tinha razão em temer as medidas do Ministério da Educação tomadas durante as férias... Parece, há que dar o desconto à Comunicação Social, que a senhora ministra resolveu, por decreto (tudo bem em minúsculas) terminar com as retenções, reprovações, chumbos, ou seja lá o que for que chamem ao facto de um aluno ter de repetir um ano de escolaridade. Eu concordo com a senhora ministra! Sei que, na maior parte das vezes, repetir um ano não traz nenhum benefício ao aluno. Penso que a Escola, como tenho tantas vezes repetido, tem de ter espaço para "a pessoa que mora em cada aluno", num processo de personalização das aprendizagens, procurando soluções individuais para cada aprendente! Mas eu também defendo que o mundo deve ser justo, que não deve haver gente muito rica, que não deve haver pobreza, que não deve existir solidão, que não deve haver ladrões, que não deve haver assassinos, que ninguém deve ser privado da sua liberdade, que nenhuma criança deve chorar, que nenhum pai ou mãe deve ver a morte de um filho, que nenhuma mãe tem o direito de matar um filho, que a amizade deve ser sempre verdadeira, que os ordenados devem ser justos, que as férias devem ser bem gozadas, que o IRS deve descer, que o IVA deve ser de 2%, que a Arte e a Cultura devem estar ao acesso de todos, etc. Sim, eu concordo com a senhora ministra, porque eu também gostaria de viver num Mundo Perfeito!!
Só que, infelizmente, o mundo perfeito não existe... E, este mundo onde vivemos, feito de diferenças, de injustiças, de guerrilhas constantes, só se pode melhorar a sociedade se se premiar o trabalho, o investimento individual, se se separar o trigo do joio, se, desde cedo, se educar para o sentido da responsabilidade, da verdade, da autonomia. Numa Escola como a actual, é cada vez mais urgente investir no mérito pois, tenho a certeza, só uma Escola de Qualidade pode ajudar a criar uma sociedade de referência.
A proposta do Ministério da Educação é, apenas, uma bandeira demagógica e politica sem nenhuma eficácia! É, ainda por cima, uma proposta pouco honesta porque, este mesmo Ministério que se diz preocupado com os alunos, cria turmas de 28 alunos, desmotiva os professores, não investe no essencial e não se preocupa com aqueles, muitos felizmente!, que estudam e que querem, de facto, aprender e crescer!
Ainda tenho esperança que a medida anunciada seja, apenas, um devaneio de Verão. É que, com este calor intenso, andamos todos com os neurónios a ferver!
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
É Fácil!
Sempre que se aproxima o Verão, que sem dúvida tem sobre os portugueses (ou sobre os humanos?) um efeito anestesiante, tremo por saber que o governo aproveita a época de distracção colectiva para urdir - exactamente URDIR - novas medidas para a Educação. Embora também eu esteja em férias, ou se calhar exactamente por isso, tenho pensado muito na Escola, no caos instalado na minha profissão e, embora com perfeita consciência de que ninguém me vai dar nenhuma atenção, pensei em 12 medidas, só doze..., não muito dispendiosas e, de certeza, capazes de melhorar substancialmente a Educação em Portugal. Aqui ficam:
1 - Turmas com o máximo de 18 alunos; A afectividade é um factor essencial à aprendizagem!!!
2 - Aulas de 60 minutos; É tempo suficiente para estar fechado num qualquer espaço.
3 - Ensino e aprendizagem por competência; Aprender não é apenas acumular conhecimentos!
4 - Efectiva valorização da via profissionalizante; Não há trabalho indigno!!
5 - Creditação de participação dos alunos em actividades de carácter formativo, desportivo, social, associativo, etc; Temos de formar cidadãos!
5 - Aprendizagem da Música em todos os anos de escolaridade; A Arte é uma dimensão fundamental ao ser humano!
6 - Formação de professores com incidência na formação científica e didáctica; O mundo mudou, a sala de aula TEM de mudar!
7 - Aulas a terminar nunca depois das 15.00h; É importante fomentar a autonomia!
8 - Criação de espaços de construção de saberes, de ateliers, de laboratório; O saber-fazer pode ser a chave do sucesso!
9 - Teatro em todos os anos de escolaridade; Observar, ler, interpretar, desempenhar o papel do outro!!
10 - Reconhecimento do mérito efectivo; Não somos todos iguais!!
11 - Fim das grelhas classificativas,com critérios meramente quantitativos, adopção dos portefólios de desempenho; Os alunos não são adições em excell!
12 - Programas mais amplos e adaptáveis às diferentes realidades do meio; Não temos de saber todos a mesma pequena parte do conhecimento!
E pronto, vou para Férias!
1 - Turmas com o máximo de 18 alunos; A afectividade é um factor essencial à aprendizagem!!!
2 - Aulas de 60 minutos; É tempo suficiente para estar fechado num qualquer espaço.
3 - Ensino e aprendizagem por competência; Aprender não é apenas acumular conhecimentos!
4 - Efectiva valorização da via profissionalizante; Não há trabalho indigno!!
5 - Creditação de participação dos alunos em actividades de carácter formativo, desportivo, social, associativo, etc; Temos de formar cidadãos!
5 - Aprendizagem da Música em todos os anos de escolaridade; A Arte é uma dimensão fundamental ao ser humano!
6 - Formação de professores com incidência na formação científica e didáctica; O mundo mudou, a sala de aula TEM de mudar!
7 - Aulas a terminar nunca depois das 15.00h; É importante fomentar a autonomia!
8 - Criação de espaços de construção de saberes, de ateliers, de laboratório; O saber-fazer pode ser a chave do sucesso!
9 - Teatro em todos os anos de escolaridade; Observar, ler, interpretar, desempenhar o papel do outro!!
10 - Reconhecimento do mérito efectivo; Não somos todos iguais!!
11 - Fim das grelhas classificativas,com critérios meramente quantitativos, adopção dos portefólios de desempenho; Os alunos não são adições em excell!
12 - Programas mais amplos e adaptáveis às diferentes realidades do meio; Não temos de saber todos a mesma pequena parte do conhecimento!
E pronto, vou para Férias!
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Vazio
Ninguém, e o mar, imenso, ali, exposto e provocador, trazendo-lhe memórias, vidas, excertos de literatura, Poetas desaparecidos... Ó mar salgado! E Sophia a intrometer-se, garantindo que quando eu morrer, voltarei para buscar os instantes que não vivi junto ao mar. O vazio, surpreendente em Julho, sugeria a crise. Ou seria, apenas, o acaso? A hora, o céu carregado?
No mar, resistiam ums surfistas, teimosos, tentando o equilíbrio sobre as ondas enroladas, estoirando com força como se quisessem sacudir as pranchas incomodativas. Ao largo, três navios enormes, de edificado à proa, talvez partindo, ou talvez chegando, quase entre Torres, a caminho de Lisboa. Na esplanada vazia, aninhavam-se mil desejos com os sentires inquietos. De que falavam? O que diziam? E a música a vir também, sem necessitar de convite, para garantir que...nem às paredes confesso!!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O rei na barriga
Portugal tem levado o ano de 2010, entre crises e escândalos, a assinalar os 100 anos da implantação da República. Foram as escolas, os políticos, os museus, algumas autarquias, quem, no fundo, queria folclore, que agarrou o pretexto da República para realizar cerimónias, festas e discursos sonoros. Entre tanta parangona, pouco se falou do regicídio, do sofrimento de uma família real que, para além de real, era também humana. Parece, aos olhos da História, que foi legitimado um crime horrível em nome da instauração de um novo regime que, por si só, nada trouxe de bom a Portugal. Aliás, olhe-se a História e perceber-se-á, tristemente, que só uma ditadura viria trazer ao país alguma "tranquilidade" - amaldiçoada e terrível!
Apesar de ser uma defensora da República, apenas porque acho que ninguém merece nascer condenado a governar..., faz-me impressão o regicídio, comove-me o sofrimento da Rainha que viu morrer o filho, que viu balear o marido (a ordem não é arbitrária!).
Hoje, atravessando Lisboa, reparei no número exagerado de Palácios, de Belém às Necessidades, e não resisto a concluir que, apesar do regicídio ter acontecido há 100 anos, ainda muitos portugueses carregam o rei na barriga...
Apesar de ser uma defensora da República, apenas porque acho que ninguém merece nascer condenado a governar..., faz-me impressão o regicídio, comove-me o sofrimento da Rainha que viu morrer o filho, que viu balear o marido (a ordem não é arbitrária!).
Hoje, atravessando Lisboa, reparei no número exagerado de Palácios, de Belém às Necessidades, e não resisto a concluir que, apesar do regicídio ter acontecido há 100 anos, ainda muitos portugueses carregam o rei na barriga...
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Férias
Estão aí, para muitas pessoas, as férias. É o tempo em que parece haver mais céu do que terra, em que os problemas são adiados, em que se ouvem, com frequência, suspiros de alívio e gargalhadas mais livres.
Curiosamente, há muita gente que aproveita as férias para, simplesmente, trocar de rotina. Trocam as filas matinais para os empregos, pelas filas para a praia; a coscuvilhice dos vizinhos, pelas observações da família do toldo ao lado; os almoços à pressa, por sandwiches enjoativas... Mas, são férias!
Um destes dias, atravessando o meu Alentejo, reparei na imensidão de terra coladinha ao céu, na paisagem fantástica, no silêncio, no ar que limpa, e não resisti a pensar que, se calhar, valia a pena trocar o destino de férias de muitos portugueses. É que, acho eu..., cada vez há mais pessoas distraídas da vida, centradas nas aparências, indiferentes ao essencial e, acredito mesmo!, um tempo de silêncio e essência pode ajudar-nos a encontrar-nos com o sentido do Mundo.
Porque quero acreditar que tem de haver um sentido, para além da loucura vigente, para lá das medidas que, absurdamente, o governo português adopta todos os dias...
Boas férias!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Tentações
Fernando Pessoa disse "Deus, ao mar o perigo e o abismo deu// Mas nele é que espelhou o céu". Muitas vezes, olhando Mar, penso nestes versos e, quase imediatamente, no destino português.
O país está virado para o mar, surge como que à beirinha de uma Europa que o não reconhece, de olhos postos nas ondas, no céu espelhado nas águas, na imensidão do oceano. Foi no mar que o destino se cumpriu, e foi, quando virámos costas ao mar, que de novo Pessoa gritou "Senhor, falta cumprir-se Portugal!".
Ultimamente, ouvindo falar de escândalos com submarinos, da pobreza e abandono da nossa Marinha, da eventualidade de encerrar (ou mudar de lugar?) o Museu da Marinha, encolhe-se-me a alma de dor. Porque viramos costas ao nosso destino? Porque parecemos temer, e voluntariamente ignorar, o imenso potencial de um Mar que já nos deu glória e fama?!
Serão os portugueses um povo com um futuro eternamente a haver?!
Hoje, quero crer que não. Hoje, vendo o céu plúmbeo refectido no Mar imenso, quero acreditar que ainda há quem não tema o perigo nem o abismo e, com coragem, seja capaz de perceber onde se reflecte o céu...
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Olhar para o Ar
É uma expressão vulgar, que serve para repreensões, que se usa quando vemos alguém distraído e se faz de " Mas para que estás tu a olhar para o ar?". É assim parecida com o andar na lua, antes, claro, de até uma cadela lá ter posto as patas. Surpreendentemente, hoje, dei com muitas esculturas, homens, mulheres e crianças, todas a olhar para o ar, e achei piada.
Já as tinha visto muitas vezes mas, como quando vou ao aeroporto de Faro é sempre cheia de entusiasmo por ir ter com a minha filha, ou cheia de tristeza por a ter deixado, nem lhes tenho prestado muita atenção. Hoje, olhei-as com olhos de ver. Há umas sentadas, outras de pé, mas todas olham o céu. Obviamente, não observam pássaros...
Aliás, não observam nada, porque são pedras!, mas podem bem servir para sensibilizar a humanidade, como eu, não para a necessidade de olhar os aviões, mas para a urgência de tirar os olhos do chão e olhar o céu, o futuro, o que vem de cima, do BEM!
Já as tinha visto muitas vezes mas, como quando vou ao aeroporto de Faro é sempre cheia de entusiasmo por ir ter com a minha filha, ou cheia de tristeza por a ter deixado, nem lhes tenho prestado muita atenção. Hoje, olhei-as com olhos de ver. Há umas sentadas, outras de pé, mas todas olham o céu. Obviamente, não observam pássaros...
Aliás, não observam nada, porque são pedras!, mas podem bem servir para sensibilizar a humanidade, como eu, não para a necessidade de olhar os aviões, mas para a urgência de tirar os olhos do chão e olhar o céu, o futuro, o que vem de cima, do BEM!
domingo, 11 de julho de 2010
O Crime
Os meus cães apareceram com uma galinha na boca. Passado o horror do primeiro impacto, resolvi investigar o crime.
É uma história simples: - A galinha, cansada das grades do galinheiro, ousou tentar a liberdade. Cá fora, o Tango perseguiu-a e abocanhou-a. Penosa morta, o Tango, todo contente, trouxe-a para junto da minha porta, brincando com o cadáver recente. O Buda não gostou de ver o Tango com um brinquedo novo e, na primeira oportunidade, roubou-lhe a galinha. A partir daí,tem sido um jogo de perícia e inteligência. O Buda, sempre que apanha o Tango distraído, rouba a defunta e esconde-a. O Tango, quando dá pela falta da sua conquista, procura-a desesperadamente até a encontrar e, de novo, a traz para junto de casa onde, julga ele..., está protegido da esperteza do Buda.
Neste jogo de mortos e vivos, deu-me para pensar como os animais são, tantas vezes, verdadeiras caricaturas humanas. Entre os humanos, quem ousa escapar às grades do pensamento imposto, quem se arrisca a saborear a liberdade, é também morto , ainda que metaforicamente, pelos cães que fazem a sociedade. Depois, também a guerrilha se faz de esconde e descobre, de vai e fica, de diz e desdiz. Invariavelmente, quem vence não é o mais corajoso, o mais ousado, mas sim o mais esperto,o mais hábil em utilizar a esperteza saloia. Finalmente, o culpado é sempre a vítima! Quem mandou a galinha ousar a diferença? Se se tivesse conformado com o que lhe dão, milho e um terreiro para debicar minhocas (que nojo, ainda agora estaria vivinha da silva!!
Moral da história: - Quem ousa arriscar a diferença, pode acabar na boca dos cães...
É uma história simples: - A galinha, cansada das grades do galinheiro, ousou tentar a liberdade. Cá fora, o Tango perseguiu-a e abocanhou-a. Penosa morta, o Tango, todo contente, trouxe-a para junto da minha porta, brincando com o cadáver recente. O Buda não gostou de ver o Tango com um brinquedo novo e, na primeira oportunidade, roubou-lhe a galinha. A partir daí,tem sido um jogo de perícia e inteligência. O Buda, sempre que apanha o Tango distraído, rouba a defunta e esconde-a. O Tango, quando dá pela falta da sua conquista, procura-a desesperadamente até a encontrar e, de novo, a traz para junto de casa onde, julga ele..., está protegido da esperteza do Buda.
Neste jogo de mortos e vivos, deu-me para pensar como os animais são, tantas vezes, verdadeiras caricaturas humanas. Entre os humanos, quem ousa escapar às grades do pensamento imposto, quem se arrisca a saborear a liberdade, é também morto , ainda que metaforicamente, pelos cães que fazem a sociedade. Depois, também a guerrilha se faz de esconde e descobre, de vai e fica, de diz e desdiz. Invariavelmente, quem vence não é o mais corajoso, o mais ousado, mas sim o mais esperto,o mais hábil em utilizar a esperteza saloia. Finalmente, o culpado é sempre a vítima! Quem mandou a galinha ousar a diferença? Se se tivesse conformado com o que lhe dão, milho e um terreiro para debicar minhocas (que nojo, ainda agora estaria vivinha da silva!!
Moral da história: - Quem ousa arriscar a diferença, pode acabar na boca dos cães...
Baptismo
"O melhor do mundo são as crianças!" - Disse Fernando Pessoa e eu subscrevo inteiramente. Porque são puras, verdadeiras, sinceras, autênticas. Porque ainda não foram formatadas pela vigente hipocrisia social. Porque riem quando lhes apetece e não têm vergonha das lágrimas.
Por tudo isto, eu, como católica, tenho alguma dificuldade em compreender a ideia do pecado original. Uma criança não peca. Uma criança, como um dia disse o pagão Alberto Caeiro, é o verdadeiro Menino Jesus que fugiu do céu. Assim, para mim, o baptismo não é a purificação de um pecado inexistente mas é, sim, um assumir publicamente, pelos adultos, da obrigação e vontade de educar uma criança de acordo com o Bem. Foi assim que, ontem, acompanhei o meu primeiro neto no seu baptismo. A Igreja do Carmo acolheu-o com simplicidade, ele fartou-se de palrar e a água refrescou-o e deixou-o mais bem disposto. Quero crer que este simbolismo da água seja capaz de, ao longo da vida, o deixar mais seguro, mais fresco, mais bem disposto sempre...
Por tudo isto, eu, como católica, tenho alguma dificuldade em compreender a ideia do pecado original. Uma criança não peca. Uma criança, como um dia disse o pagão Alberto Caeiro, é o verdadeiro Menino Jesus que fugiu do céu. Assim, para mim, o baptismo não é a purificação de um pecado inexistente mas é, sim, um assumir publicamente, pelos adultos, da obrigação e vontade de educar uma criança de acordo com o Bem. Foi assim que, ontem, acompanhei o meu primeiro neto no seu baptismo. A Igreja do Carmo acolheu-o com simplicidade, ele fartou-se de palrar e a água refrescou-o e deixou-o mais bem disposto. Quero crer que este simbolismo da água seja capaz de, ao longo da vida, o deixar mais seguro, mais fresco, mais bem disposto sempre...
quinta-feira, 8 de julho de 2010
As Notas!
Foram hoje afixados, no país inteiro, os resultados dos exames de 1ª fase de 12º ano. Logo cedo, as escolas encheram-se de ansiedade! Eram os alunos, os pais, os professores também. Para uns, em causa está a entrada, ou não, no Curso pretendido, a saída de casa dos pais, um passo de gigante no futuro; para outros, está o crescer inevitável daqueles seres que são sempre miúdos para quem, um dia, lhes mudou as fraldas; para os terceiros, em causa está até (imagine-se!!!) a qualidade do ensino realizado.
Se posso compreender a ansiedade de jovens e pais, tenho muita dificuldade em entender a dos professores. Não compreendo como se pode querer fazer corresponder a nota de um ano lectivo, com diversos elementos de avaliação, a possibilidade (e obrigação) de avaliar um processo de meses, com o resultado obtido numa única prova, num único momento. Querer fazer corresponder a nota do exame à nota do 3º período, é o mesmo do que dizer que um aluno que teve um treze num teste não pode ter 17 ou 18 no fim do período!!!
Todos os anos, nesta altura, me irrito com o que considero ser uma verdadeira aberração pedagógica! O exame é uma formade aferir resultados, não podeser uma meta, um objectivo de aprendizagem. Por favor!!!
Pior ainda, acontece quando, com a paranóia da nota do exame, se deixam de desenvolver competências para, quase exclusivamente, se treinarem exercícios idênticos aos que sairão no dito exame... A Escola passa a viver para a imagem, para o que parece, e não, como devia, para a essência e para o que É de facto o saber.
A Escola portuguesa do século XXI, que integro numa profissão que um dia amei, decepciona-me cada vez mais!
Eu sei, como sei!!!, que pensar é uma actividade de risco, que a cultura é uma forma de liberdade e, por isso mesmo, não posso aceitar com indiferença que o meu país promova a ignorância sem que os cidadãos se revoltem.
Como, um dia, os meus alunos escreveram "Esta Escola fica-me curta...". Excessivamente curta!!
Se posso compreender a ansiedade de jovens e pais, tenho muita dificuldade em entender a dos professores. Não compreendo como se pode querer fazer corresponder a nota de um ano lectivo, com diversos elementos de avaliação, a possibilidade (e obrigação) de avaliar um processo de meses, com o resultado obtido numa única prova, num único momento. Querer fazer corresponder a nota do exame à nota do 3º período, é o mesmo do que dizer que um aluno que teve um treze num teste não pode ter 17 ou 18 no fim do período!!!
Todos os anos, nesta altura, me irrito com o que considero ser uma verdadeira aberração pedagógica! O exame é uma formade aferir resultados, não podeser uma meta, um objectivo de aprendizagem. Por favor!!!
Pior ainda, acontece quando, com a paranóia da nota do exame, se deixam de desenvolver competências para, quase exclusivamente, se treinarem exercícios idênticos aos que sairão no dito exame... A Escola passa a viver para a imagem, para o que parece, e não, como devia, para a essência e para o que É de facto o saber.
A Escola portuguesa do século XXI, que integro numa profissão que um dia amei, decepciona-me cada vez mais!
Eu sei, como sei!!!, que pensar é uma actividade de risco, que a cultura é uma forma de liberdade e, por isso mesmo, não posso aceitar com indiferença que o meu país promova a ignorância sem que os cidadãos se revoltem.
Como, um dia, os meus alunos escreveram "Esta Escola fica-me curta...". Excessivamente curta!!
terça-feira, 6 de julho de 2010
O Aparelho
O meu telemóvel vibrou feliz, a meio da tarde, com um sms eufórico: "Já não tenho aparelho!". Alinhei na euforia, dei Parabéns, fiquei feliz por poder partilhar o que era, sem dúvida, uma tão boa experiência: "Já não tenho aparelho!"!! Ainda não vi a boca refeita, decerto de dentes alinhadinhos, modelados, perfeitos, de acordo com a norma e o padrão estético em vigor. Ainda não vi o sorriso livre, e não metálico, da minha amiga que, hoje, se libertou do freio desagradável (ainda que ornamentado com elásticos de diversas cores).
Fiquei a pensar, contudo, na quantidade de miúdos, e adultos também, que usa os aparelhos correctivos dos dentes. É uma moda, como muitas outras, mas esta tem o seu quê de perigoso, acho eu... É o assumir que todos temos de ser perfeitos, ou pelo menos muito perto da perfeição, eliminando as particularidades de cada um! Todos os miúdos (ou quase) vão ter dentes alinhadinhos, ainda que eles mesmos insistam, saudavelmente, no desalinhar. Todos têm, durante dois ou três anos, um sorriso metálico que, terminado, os deixa felizes e livres para, talvez, serem quem de facto são.
Claro que nada tenho contra os aparelhos nos dentes. Se existe técnica e progresso, pois que os aproveitemos! Só que, hoje, deu-me para pensar que, se um dia inventarem um aparelho para a alma, a sociedade ficará muito pior. Sim, embora difícil, é possível piorar. Basta que se continuem destruindo individualidades, em nome de colectivismos inexistentes...
E veio tudo isto, hoje, a propósito de um sms feito de liberdade feliz:"Já não tenho aparelho!"
Fiquei a pensar, contudo, na quantidade de miúdos, e adultos também, que usa os aparelhos correctivos dos dentes. É uma moda, como muitas outras, mas esta tem o seu quê de perigoso, acho eu... É o assumir que todos temos de ser perfeitos, ou pelo menos muito perto da perfeição, eliminando as particularidades de cada um! Todos os miúdos (ou quase) vão ter dentes alinhadinhos, ainda que eles mesmos insistam, saudavelmente, no desalinhar. Todos têm, durante dois ou três anos, um sorriso metálico que, terminado, os deixa felizes e livres para, talvez, serem quem de facto são.
Claro que nada tenho contra os aparelhos nos dentes. Se existe técnica e progresso, pois que os aproveitemos! Só que, hoje, deu-me para pensar que, se um dia inventarem um aparelho para a alma, a sociedade ficará muito pior. Sim, embora difícil, é possível piorar. Basta que se continuem destruindo individualidades, em nome de colectivismos inexistentes...
E veio tudo isto, hoje, a propósito de um sms feito de liberdade feliz:"Já não tenho aparelho!"
domingo, 4 de julho de 2010
Quando o Mito está no pés...
A Alma de Isabel.É um livro escrito pela Drª Teresa Gomes Mota, cardiologista de renome, e tem sido a minha recente leitura. É um livro esotérico, cheio de referências a Pessoa, à História Nacional, um livro que, se não fosse tratar-se de uma autora conhecida (e amiga) eu nunca compraria. Não é o estilo de livro que eu goste, não tem amor, vida de realidade, encontros e desencontros, poesia nas entrelinhas. No entanto, estou a gostar de ler e estou a ficar impressionada com o que leio.
A Alma de Isabelfala de reencarnação, da essência de Portugal, de Neptuno – sempre atraindo os portugueses para o mar -, de Plutão, numa reacção quase bi-polar, atraindo Portugal para a terra triste. Teresa Mota, apesar de médica, acredita que é a reencarnação da Rainha Santa Isabel e, talvez por ser uma mulher de ciência, cheia de espírito objectivo e pragmático, analisa-se cirurgicamente levando-me a pensar, a sério, na hipótese da reencarnação. A dada altura, falando de Portugal, que nasceu em 1143 sob o signo de Peixes, a autora explica a ascendência dos Peixes e destaca a importância do Mar para os nativos deste signo. Porque gostam de olhar o mar? Porque se sentem bem junto dele? Porque o temem, também? Por ser belo e relaxante? Não! Por ser portador de energias que, para os nascidos sob a influência de Neptuno, permitem o encontro com o Positivo. Com o essencial. Medo? Porque os Peixes são bipolares vivem na terra, presos a Plutão, orientados por Onion e, por isso, têm medo da sua Verdade. Como o mar, sofrem violentas tempestades, confrontando as duas forças que os atraem e condicionam. Para a autora, retornando a António Vieira com frequência, Portugal sempre existiu em função de um Mito e, agora, como o caos instalado, é necessário reencontrar-se um Mito " O mito é o Nada que é Tudo" , paradoxo bem explícito. Diz Teresa Gomes Mota que, neste momento triste, o mito português é o futebol, para concluir que mal vai um país que tem o mito nos pés, rasteirinho ao chão...
Alma de Isabel está a tornar-se absorvente.
Será que a reencarnação acontece?!
A Alma de Isabelfala de reencarnação, da essência de Portugal, de Neptuno – sempre atraindo os portugueses para o mar -, de Plutão, numa reacção quase bi-polar, atraindo Portugal para a terra triste. Teresa Mota, apesar de médica, acredita que é a reencarnação da Rainha Santa Isabel e, talvez por ser uma mulher de ciência, cheia de espírito objectivo e pragmático, analisa-se cirurgicamente levando-me a pensar, a sério, na hipótese da reencarnação. A dada altura, falando de Portugal, que nasceu em 1143 sob o signo de Peixes, a autora explica a ascendência dos Peixes e destaca a importância do Mar para os nativos deste signo. Porque gostam de olhar o mar? Porque se sentem bem junto dele? Porque o temem, também? Por ser belo e relaxante? Não! Por ser portador de energias que, para os nascidos sob a influência de Neptuno, permitem o encontro com o Positivo. Com o essencial. Medo? Porque os Peixes são bipolares vivem na terra, presos a Plutão, orientados por Onion e, por isso, têm medo da sua Verdade. Como o mar, sofrem violentas tempestades, confrontando as duas forças que os atraem e condicionam. Para a autora, retornando a António Vieira com frequência, Portugal sempre existiu em função de um Mito e, agora, como o caos instalado, é necessário reencontrar-se um Mito " O mito é o Nada que é Tudo" , paradoxo bem explícito. Diz Teresa Gomes Mota que, neste momento triste, o mito português é o futebol, para concluir que mal vai um país que tem o mito nos pés, rasteirinho ao chão...
Alma de Isabel está a tornar-se absorvente.
Será que a reencarnação acontece?!
quinta-feira, 1 de julho de 2010
1 de Julho de 2010
Os anunciados aumentos chegaram! A partir de hoje, ser português é AINDA mais difícil, mais humilhante, mais custoso - literalmente custoso. Aumentou o pão, o leite, as fraldas, o gás, a electricidade, as portagens, o IVA, o IRS, tudo. Tudo o que é possível aumentar, subiu na proporção inversa à qualidade devida que não pára de descer. A partir de hoje, dar de comer à família é uma tarefa ainda mais complicada. No entanto, e para surpresa de muitos, o primeiro-ministro garante que Portugal está bem, que se recomenda!!, que é preciso sermos optimistas. Será que lá no sítio onde este dirigente estudou alguma vez lhe ensinaram que ser optimista não é sinónimo de ser parvo?!
Se calhar não...
Se calhar não...
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