segunda-feira, 14 de junho de 2021

CICLOS

 Já Camões dizia que "Todo o mundo é composto de mudança" e, sem dúvida, nada é tão constante como a mudança. Aos 61 anos, encerro um ciclo e começo outro. Durante 12 anos, que agora me parecem ter voado, estive a trabalhar no Centro de Formação de Associação de Escolas, mais com professores, com colegas, do que com alunos. 

Aprendi muitíssimo, conheci pessoas absolutamente fantásticas, ganhei ainda mais admiração pelos professores. Li muito, fiz duas pós-graduações, participei em muitas sessões de trabalho, consolidei o meu projeto ideal de escola e cristalizei (?) a minha convicção de que são as utopias que nos movem.

Agora, termino essa colaboração com o CFAE. Não sei se voltarei à sala de aula a tempo inteiro, se abraçarei outros projectos. Sei que é com tranquilidade e com a certeza de missão cumprida que fecho este ciclo. Há muitas pessoas a quem quero dizer obrigada, mas terei tempo, de Deus quiser, para o fazer.

Agora, neste momento, só quero que Deus me ajude a continuar com saúde para trabalhar!

quarta-feira, 9 de junho de 2021

DATAS

 Tenho com as datas uma relação estranha. Penso que não é o dia em si, a efeméride, a recordação de uma marca no calendário, que faz mais vivas as memórias, ou torna mais significativos os factos. No entanto, há datas que me ferem intensamente. Hoje, faz 16 anos que o meu Pai morreu e eu, que penso nele todos os dias, que o recordo em mim, que continuo conversando com ele no meu silêncio, sofro mais ainda. 

Foi um dia horrível. O meu Pai morreu nos meus braços, estávamos sozinhos no quarto dele, e eu ainda o vejo, ainda o cheiro e sinto presente. 

Hoje, sozinha, sem  ter com quem recuperar memórias, sem resposta às muitas vivências que revisito, o meu coração sangra. 

O meu Pai faz-me muita falta!

terça-feira, 1 de junho de 2021

URGE AGIR

 Sou claramente humanista. Privilegio a individualidade, o direito à diferença, o respeito pelo outro. Sei que somos porque há o outro/s e que o homem é um ser social. Compreendo, sinceramente, que no mundo global no qual vivemos, neste mundo paradoxalmente tão pequeno e tão grande, tem de haver lugar para todos. Por isso mesmo, defendo que Portugal, tal como os outros países considerados mais desenvolvidos, deve acolher os migrantes. 

Em Portalegre vejo, cada vez mais, pessoas que vêm de longe, que trazem olhares exóticos, experiência e culturas que me são estranhas. Penso que estas pessoas merecem mais dignidade, mais atenção por parte de quem as acolhe. A sociedade portuguesa não deve, apenas, acolher, tem de ajudar a conseguir (não dar!) condições de vida, trabalho, dignidade. Sinto vergonha ao ver gente de turbante, descalça, a pedir esmola na minha cidade. Democracia não é isto. Não pode ser isto.