quarta-feira, 23 de março de 2016

CRIME

Com os netos em casa, mil afazeres e o coração apertado, olho com medo e revolta os atentados de Bruxelas.
Oiço banalidades nos Media e, desta vez, creio que surgem apenas porque não há nada com sentido que se possa dizer quando a loucura malvada ataca.
É verdade que há quem venda armas aos terroristas, quem os financie também. É verdade que, no grande poder das enormes potências, há alguma hipocrisia.
Mas isso não pode impedir a nossa imensa indignação e revolta. Esta Europa, que olha
com receio os refugiados, é vítima de violência cobarde e cruel. Da mesma violência que fez seres humanos adquirirem o rótulo dolorosos de refugiados...
Tenho medo. Porque o alvo somos todos. O alvo somos nós que saímos à rua, rimos, viajamos, trabalhamos, damos as mãos aos filhos e netos nos transportes públicos, nas ruas, sem querer imaginar que, de repente, a nossa mão segurará cadáveres. Este é o mundo que não quero. Este é o mundo contra o qual lutarei com as armas que tenho: - A liberdade de pensar, a oportunidade de opinar, a possibilidade de Amar

quarta-feira, 16 de março de 2016

Insónia

Talvez porque leio muito, ou se calhar porque sonho em demasia, ou apenas mesmo porque não sou uma pessoa muito ajuizada, às vezes surgem-me, deveria dizer assaltam-me, pensamentos esquisitos. Normalmente, estes assaltos invasivos, e abusivos, surgem a meio da noite, ocupando as horas de insónia com que, vezes demais, o sono me presenteia.
Esta noite, e embora me tenha deitado cansada mesmo, acordei na escuridão com o desejo de escrever uma narrativa a quatro mãos.
Uma narrativa de acordo com os compêndios, desrespeitando conscientemente os livrinhos de supermercado que anunciam "aprenda a escrever em três passos". Uma narrativa dando cumprimento integral às categorias da mesma, com espaço, ação, tempo, personagens, narrador com estatuto definido. No escuro, fiquei escrevendo, então, a minha narrativa exemplar e pensei que, para que ficasse perfeita, e publicável, havia de haver outras mãos, que não as minhas, a pontuá-la. Seria uma narrativa a quatro mãos, sem frases feitas, sem finais felizes, mas pontuada pela magia dos silêncios que, acho eu, sempre dão encanto às histórias... Na minha narrativa haveria um cenário de utopia, muitas personagens optimistas e cores escandalosamente quentes. Depois, as outras mãos colocariam o ponto final, fariam os parágrafos, e eu ficaria isenta da terrível responsabilidade de fazer a história ter sentido!

domingo, 13 de março de 2016

Aprendendo

O desafio era claro: - Aproximar realidades diferentes, partilhar culturas, viver momentos de aprendizagens ativas. Vinte e quatro alunos voaram para a Holanda, Maarssen,  e aí viveram, com famílias holandesas, cinco dias diferentes. Muito frio, neve, água, bicicletas, inglês conversado, sandes de pepino, chá com leite e bolachas gostosas, tudo misturado com monumentos, história e novidade. Depois, voltamos todos.
E, em Portalegre, 52 jovens encheram as ruas, visitaram Museus, comeram pizzas e construíram vivências de ser.



Nem tudo correu bem. Curiosamente, desta vez foram os jovens holandeses quem me surpreendeu negativamente. Birras, gritos, lágrimas quando contrariados. E surgiu-me de novo, a grande questão da educação. Não é permitindo tudo que se educa, não é "negociando" tudo que se constroem cidadãos responsáveis e livres. A educação exige a capacidade de dizer Não, de impor regras e de as fazer cumprir! Muitas vezes, zango-me com os meus alunos. Ralho, irrito-me, desespero. Mas, hoje, na ressaca de dez dias diferentes, estou orgulhosa dos jovens com quem trabalho. São gente saudável (alguns) e eu acredito que, para eles, estes dez dias fizeram a diferença!

terça-feira, 1 de março de 2016

Dia de Anos

Sem dúvida, verdade de La Palisse..., a idade muda-nos. Muda a forma do nosso corpo, a textura da nossa pele, a forma como olhamos a vida e a nossa maneira, sempre exclusiva, de encarar cada dia. Fiz anos ontem. 
Dia 29 de fevereiro, um dia nem sempre assinalado no calendário e que, em intervalos de quatro anos, se torna para mim em dia 1 de Março. 
Nasci em 1960, era terça-feira de Carnaval (e eu detesto Carnaval), estava muito calor (e eu odeio calor), nasci em Lisboa (e eu adoro ser alentejana). Às vezes, penso que tudo seriam sinais, índices de uma narrativa que eu haveria de escrever com mais, ou menos, dificuldade. Em miúda, e em jovem, não gostava de fazer anos. Detestava aquelas observações habituais e gastas , "então este ano fazes anos?", e nunca achei muita graça a festas de aniversário.  Só que fui envelhecendo, (tendo ou 15 ou 56 anos envelheci mesmo), e, agora, gosto do carinho que muitos amigos me dedicam neste dia. 
Claro, melhor seria se esse carinho acontecesse diariamente, mas o óptimo é inimigo do bom e de bons amigos, felizmente, estou bem servida. Gosto, agora, de fazer anos. De receber beijinhos, telefonemas, mensagens, flores e presentes. Ou seja porque vou envelhecendo depressa demais, ou seja porque ando carente de coisas boas, gostei mesmo muito de ter feito anos ontem. 
Não apaguei velas, não comi bolo, mas senti-me até quase significante e com razão para sorrir!