Já vivi 62 Natais.
Não me lembro dos primeiros, acredito que estivesse quente, amada e alimentada. Mas lembro-me de muitos, imensos Natais.
Como católica, o Natal é, para mim, uma época mesmo especial. Acredito na ideia da Renovação e gosto, mesmo muito, da possibilidade de metamorfose que se me oferece, que quase me é imposta. Queria poder voltar ao passado, ao tal que me esqueci de trazer roubado na algibeira, como o Poeta, mas, porque é impossível, resta-me a vontade de viver plenamente o presente.
Já aprendi, a vida ensinou-me, que não se morre de tristeza e, por isso, nada mais me resta do que vestir-me de alegria, agarrar a vida pelas orelhas, aceitar o inevitável, ter coragem para lutar pelo que é possível e muita inteligência para discernir a diferença.
Hoje, 23 de Dezembro, tranco a sete-chaves os sentires, recordo que there's no use crying over spilt milk, tempero e recheio o peru, compro azevias já feitas, e coloco, logo à noite, mais um edredão na cama. (Só para não sentir a dor do frio da solidão.)
Que Seja Natal!