sábado, 15 de agosto de 2009
Dia de Nossa Senhora
A minha filha Filipa devia, de acordo com os médicos, ter nascido neste dia. de certeza não se chamaria Conceição, mas, fosse por medo de nome tão doloroso, ou apenas para tornar claro que saberia fazer as escolhas próprias, só nasceu a 24. No entanto, neste dia 15 de Agosto, lembro-me sempre do que não foi mas poderia ter sido. E lembro-me, especialmente, de Nossa Senhora. Como mulher, não acredito nada na história da virgindade. Ora havia Deus de A condenar ao desconhecimento de uma das mais fantásticas dimensões da humanidade?! Não creio, seria crueldade excessiva... Assim, para mim, Nossa Senhora é uma Mãe sofredora e atenta. Imagino, acho que nem imagino, o sofrimento vivido ao ver matarem-lhe o filho, e aproximo-me da dor da Mãe. Vejo-a desesperada, pensando decerto que não faz sentido os filhos morrerem antes das Mães, e imagino-a gritando incompreensão e mágoa. Como sou Mãe também, sei o que significa a dor de um filho e, por isso, converso com ela, conselheira experiente, quando me sinto mais perdida. Às vezes, nas noites que a minha insónia faz imensas, conto-lhe de mim, de sentires, de desejos e revolta, de mágoa e de esperanças. Acho que ela me ouve. Chego a ouvir, muito ao de leve, o roçar de asas de anjo trazendo-me alguma paz.
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