terça-feira, 24 de novembro de 2015

ANVERSÁRIO

Quando ele nasceu, nada ficou como estava. Foi há seis anos (já) que nasceu o meu neto mais velho. Era uma coisinha minúscula, nem chegava aos dois quilos, tinha um gorro azul enfiado na cabeça e, quando lhe peguei, olhou-me com olhar turvo. Ali, num país diferente, num hospital distante, senti que a vida mudava. Mudava o foco do meu interesse, da minha ansiedade e ternura. O MB era, então e agora, o meu foco essencial, o centro do meu viver. Estava muito frio, nevava, e o pequenino ser, envolto em mantas e protegido no carrinho, passeava comigo por Cambridge. Preservo intectos esses primeiros dias de vida do meu primeiro neto com uma intensidade incrível. Conservo os cheiros do Café Costa, as cores da praça e do mercado, os cheiros das caminhadas da manhã pelos campos do King's College.
Hoje, o meu MB já faz seis anos. Já sabe ler, já diz que tem saudades, já me abraça com uma força mágica que só ele tem. Hoje, como há seis anos, a minha vida tem sentido nele. Por ele.

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