quinta-feira, 27 de abril de 2017

INDIGNAÇÃO

A minha revolta indignada hoje não tem tamanho. O 25 de Abril festejou-se há três, aconteceu há 43 anos, e os absurdos que limitam e condicionam a Liberdade continuam a verificar-se. Cala-te! - Dizem-me os mais avisados; desiste. 
Mas eu não me calo, e não desisto. Não posso calar-me perante a injustiça. não desisto nunca da minha luta pelo que são valores essenciais numa sociedade humanizada.

A minha indignação revoltada cresce quando tudo acontece numa Escola. Num espaço de, teoricamente, aprendizagem de cidadania e de valores!
É numa escola que alunos, insatisfeitos com a avaliação e com a dinâmica na sala de aula, manifestam, pelos meios que têm ao seu dispor - o director de turma! - a sua opinião. O director de turma, de forma aberta, verdadeira e leal, apresenta em conselho de turma  os documentos e o assunto é analisado. Estaria o caso encerrado porque, parece, o ser humano dispõe da capacidade de dialogar e de reformular... mas não! Os alunos são, posteriormente, criticados, confrontados com cartas (que me abstenho de classificar) enviadas aos encarregados de educação. Mais grave: - A culpa, porque há quem viva de culpados..., é do director de turma. Porquê? Porque foi leal, porque ouviu os alunos, porque considerou que os jovens devem dizer o que pensam, devem ser ouvidos e devem ver tidas em conta as suas opiniões.

Como é possível que, em pleno século XXI, jovens sejam condenados por expressarem as suas opiniões? Por manifestarem o seu descontentamento? Como é possível que, numa Escola, se reúna sem a presença dos envolvidos, amedrontando jovens?
Ah! Curiosamente, esta é a Escola onde a cidadania pesa 10%... Talvez isto explique muita coisa.
Não me calarei. Nem com processos de averiguações, nem com ameaças veladas, menos ainda com o triste sucesso da mentira e da hipocrisia!

sábado, 22 de abril de 2017

DÉCIMAS

Não consigo compreender o mundo em que vivo. Amanhã, há eleições em França, há dois dias houve novo atentado e o meu país fala de futebol. Vivemos com um louco ignorante a comandar uma das maiores potências do mundo, e discutimos se o Benfica é melhor do que o Sporting...Olho à minha volta, estou sozinha com o meu cão no silêncio da minha casa,  e penso que as pessoas que têm poder no mundo enlouqueceram. 
Na Europa, nesta Europa que alguns pretendem ser unida, enquanto o mediterrâneo se transforma num cemitério de sonhos, discutem-se, com pompa e circunstância, as décimas dos défices e dos lucros! Nas escolas, perante o aumento do desinteresse e da indisciplina, os professores inventam novas grelhas excel. Falamos de cidadania, e executamos a hipocrisia. Apregoamos a solidariedade, e praticamos o egoísmo. Eu não percebo o mundo que integro! Sinto que vivemos de décimas e isso, francamente, parece-me excessivamente insuficiente!

terça-feira, 18 de abril de 2017

KEN FOLLET

Acho que li todos os romances de Ken Follet. Descobri-o por acaso, há uns anos, e tenho lido com interesse tudo o que publica. Não é, penso eu, um Nobel, mas é, sem dúvida, um óptimo contador de histórias que mexem connosco - comigo. Acabei, ontem, tarde na noite, de ler "Uma terra chamada Liberdade" e, uma vez mais, ainda tenho comigo as emoções do enredo, a intensidade das descrições e a radiografia rigorosa feita às personagens. 
Não foi o cinzentismo da Escócia do século XVIII,  a escuridão de uma Londres enegrecida pelo carvão, ou sequer o verde que pinta a esperança do Novo Mundo que mais me marcaram. Desta leitura, desta vez, ficou-me a constatação revoltada da maldade que existe nalgumas pessoas e que, seja no séc XVIII ou XXI continua a fazer-se notar...

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Marias e Manéis

Chamava-se Maria. Como mil e muitas miúdas da sua idade, como muitas meninas sem idade porque sem identidade. Esta Maria, da minha ficção, era aluna aplicada e, diziam-lhe, aprendia a crescer e a ser Pessoa. Curiosa, perguntava, por vezes, se ela não era já pessoa. E explicavam-lhe que existir não é, afinal, sinónimo de ser. Que há quem exista, e nunca seja pessoa. E falavam-lhe de coragem, de garra, da necessidade de lutar por aquilo em que acreditava, da importância de ter opinião, de ser frontal e justa. Diziam-lhe, muitas vezes, que tinha a obrigação, mais do que o direito, de participar e ajudar a construir um mundo diferente.
E a Maria ia à Escola.
Um dia, a Maria esbarrou com a hipocrisia adulta, com o cinismo, com a maldade que, tantas vezes, reveste a estupidez. E a Maria interrogou-se: - Afinal?...
Pois é querida Maria, lutar por um mundo melhor é isto: esbarrar com a estupidez, muitas vezes até licenciada e mestrada, e continuar lutando pela Verdade e pela Justiça.
Que as Marias nunca desistam! E os Manéis as acompanhem!

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Era sempre assim. Do mosto da vida fazia, com a máquina da memória, a bebida que a alimentava na rotina da vida, Sucediam-se Invernos, Natais, Primaveras e Páscoas e ela, religiosamente, como quem reza a oração do silêncio, acumulava memórias. Todas lhe faziam falta. As boas, muitas felizmente, davam sabor aos momentos que, agora cada vez mais, se tornavam amargos; as más, muitas infelizmente, serviam-lhe de alerta, luzes no corredor da vida, evitando, por vezes, outros erros ou enganos... 
Agora, de novo Páscoa, saltava o mosto de outras eras de renovação. 
Em miúda ouvia a sirene, comia borrego (que saudades daquelas batatas), trincava amêndoas e esperava o coelho branco que, garantiam os adultos desaparecidos, era um ser mágico que semeava ovos coloridos para as crianças. Era bom ter sido criança. Talvez, agora pensava, fosse bom ser criança por nunca se esperar do mosto senão que fosse mosto. Depois, crescendo, a mania de esperar por outras bebidas, o vício de desejar diferentes sabores, acabavam por estragar muitos menús...

sábado, 8 de abril de 2017

COISAS ABORRECIDAS

Não gosto nada de calor. Pior, não gosto de calor antes do tempo e odeio os espirros e as comichões que a Primavera sempre me impõe. Ao contrário do comum dos mortais, prefiro a chuva e o frio, a protecção abraçada de um casaco quente e o conforto das botas. Mas como, felizmente, a Natureza se está nas tintas para as preferências de cada um, aí está Primavera e os polens na sua máxima força.
No meio deste mau estar, que nada alivia, tenho de trabalhar e, o que para mim é o pior, tenho de continuar a cruzar-me com a hipocrisia e  cinismo personificados. Gostava de conseguir compreender, para poder aceitar mesmo discordando, as razões que levam a que professores - logo, pessoas com cultura e formação - actuem nas costas, critiquem na ausência e, pior, utilizem espaços onde eu não tenho assento para criticar o que defendo. E o que defendo de tão grave? Uma Escola preocupada em ajudar os alunos a aprender, salas de aula de século XXI, investimento em  metodologias de projecto, critérios de avaliação que fomentem as aprendizagens, menos horas de aulas formais, actividades de enriquecimento cultural ao longo do ano, equipas pedagógicas centradas no conselho de turma. Talvez eu não tenha razão, mas, de certeza absoluta, quem não tem coragem de discutir ideias e age com processos de averiguações movidos contra quem discorda, está definitivamente perdido.
Às vezes, não tenho nenhuma consideração por alguns professores. Felizmente, para mim, conheço outros que são profissionais excepcionais!