sexta-feira, 20 de agosto de 2010
O Relógio
Surpreendente. Imponente. Impressionante. Num canto da cidade velha, sob olhares de milhares de turistas em disparos de frenéticos flashes, o Relógio lá está, rodeado pela Morte, acompanhado por Santos que, provavelmente, lamentam a sua pouca força face ao esqueleto ameaçador. Olho o relógio com curiosidade e surpresa. Parece mais complicado que "as complicações"... Não percebo como funciona, tento adivinhar as horas, desisto na minha impaciência para maquinismos. Penso no seu criador, que cegaram para que não repetisse a obra fantástica, e pergunto-me se não ficarão cegas, vezes demais, as pessoas que, olhando o Grande Relógio, procuram, como eu, perceber a magia do Tempo Imparável.
Fujo. Não é o meu espaço, o relógio célebre. Prefiro as ruas estreitas da cidade velha, a cidade pequena com o Pub assustador, a vista impressionante do Castelo onde chego sem fôlego, pernas a tremer, coração acelerado. Procuro o abraço amigo, o apoio firme, o beijo que me restitui a energia roubada pela subida íngreme. Estou viva. Sem tempos, sem prazo, numa descoberta de sentidos que os meus sentires surpreendem. Hoje, com a certeza do amanhã.
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