"Viajar. Perder países (...)" Oiço no silêncio este verso aprendido no Pessoa eterno. Vejo passar o campo florido, reparo nos espelhos de água onde as nuvens se penteiam, e ecoa ainda em mim a ideia de perda. Faz-se presente a ausência, cruzam-se outros percursos muitos, de viagens irrepetíveis, de paisagens feitas de farrapos de outro ser.
Passa o tempo, passa o campo, passam os tapetes brancos, os castelos das vilas e cidades que atravesso, veloz, pensando no destino, presa no que deixei para trás. Chego e não vim. Na cabeça pesam tarefas, projectos, anseios, sonhos compridos. No coração dançam memórias, grinaldas floridas, e o ritmo de jazz que me acompanha devolve-me a rumba que gosto de dançar.
Viajo. Se perco países, não sei.
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