Com a calma da tranquilidade face ao conhecimento do impossível, enroscou-se no sofá. Arrumou livros, papéis (incrível a quantidade de papéis que guardam agressões), ligou a música e ficou olhando o fogo. Gostava da lareira assim enorme, feita de fogo sonoro, de chama perfumada, transformado na presença feita companhia. Não fechou os olhos, ficou olhando o calor e vendo desfilar momentos, opções, desgostos, sonhos e mil utopias. Lá fora, o frio. Por vezes, o ladrar dos cães, uma buzinadela apressada e tardia. A presença dos outros confortavelmente ao longe.
Fixou as muitas fotografias que enchiam a sua sala, tantas amarelecidas pelo tempo, e lembrou infâncias. Veio Pessoa, sempre presente, ouviu os Sinos da Aldeia que nunca o foi, viu o soldado que, no plaino abandonado que a morna brisa aquece, jaz morto e apodrece.
Também ela arrefece, e apodrece, ao ver esboroarem-se sonhos, ao confrontar-se com a desistência assumida. Como viveria sem a Poesia, sem a urgência das palavras, sem a magia de tecer sentidos quando o sentido não acontece?
Fixou as muitas fotografias que enchiam a sua sala, tantas amarelecidas pelo tempo, e lembrou infâncias. Veio Pessoa, sempre presente, ouviu os Sinos da Aldeia que nunca o foi, viu o soldado que, no plaino abandonado que a morna brisa aquece, jaz morto e apodrece.
Também ela arrefece, e apodrece, ao ver esboroarem-se sonhos, ao confrontar-se com a desistência assumida. Como viveria sem a Poesia, sem a urgência das palavras, sem a magia de tecer sentidos quando o sentido não acontece?
Claro, Luísa, tu precisas da poesia e tens dentro tantos versos...
ResponderEliminar"Como viveria sem a Poesia, sem a urgência das palavras, sem a magia de tecer sentidos quando o sentido não acontece?"
beijos