Na missa de hoje, um casal assinalava 50 anos de casamento. 100, dizia o senhor padre, porque cada um viveu 50 com o outro. Mas não foram as contas que me impressionaram. Não foram, sequer, os 50 anos, que também os meus pais felizmente assinalaram.
O que me tocou, nos sentires e pensares, foi ouvir o senhor Benvindo (que não conheço) dizer, em voz tremida mas sincera, que nem tudo foi fácil. Que houve muitos espinhos, desentendimentos e dificuldades. Mas que, o segredo - que não é segredo - é sempre ser capaz de perdoar, de ouvir e não julgar. Porque, dizia ele, amar é assim - aceitar mesmo sem compreender e estar presente, sempre, para partilhar e ajudar.
Mais do que as leituras ou a homilia, foi o depoimento breve e intenso do senhor Benvindo que marcou o meu domingo. Tenho um pouquinho de inveja, inveja boa, dos casais que conseguem construir cumplicidades efectivas, que conseguem tempo para ouvir, perdoar e compreender. Talvez, no fim da minha vida, a maior mágoa que leve seja mesmo esta - a impossibilidade de ter tecido teias de afectos reais com alguém especial.
Enfim, é domingo! Vou fazer uma boa salada de tomate, regá-la com orégãos, abrir um bom vinho branco gelado e gastar o tempo com o meu cão e um bom livro.
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