Tirou o casaco, leve e de linho, e colocou-o nos ombros dela. Sorriu. Vira inúmeras vezes aquele gesto no cinema, Robert Redford, até Gere, sem dúvida Jeremy Irons e Clark Gable, mas ali a luz brilhava e não tinha comprado bilhete.
Ninguém compra bilhete para a vida.
Ela agradeceu, vinha salgado e fresco o vento do mar. Sentaram-se e olharam-se. Eram outros eus, o mesmo cenário, a alma diferente. Ela pediu um chá, ele uma imperial, e o tchintchin saiu com música estranha. Havia um erro no guião, talvez.
Ninguém escreve o guião da própria vida.
Ele falou do vento. Ela sorriu os poetas de sempre. Sim, ela queria isso. Não, ele não podia ser a personagem desejada.
Ninguém se prepara para o papel secundário.
Ela entregou o casaco, acabou o chá e partiu.
O fim nunca surge com the end apaziguador.