segunda-feira, 7 de maio de 2018

ANIVERSÁRIO

Dizem que é natural, que é, mesmo, o sinal de uma educação de sucesso ver partir os filhos. Afinal, aquelas criaturas indefesas, frágeis, choronas e sorridentes, que saem de dentro de nós, não nos pertencem.
Até concordo. É bom que os filhos ganhem mundo, que se lancem em existências independentes. Mas, ainda assim, dói muito sabê-los longe.
Hoje, faz 33 anos a minha filha mais nova. E eu sinto doer o vazio do colo, o vazio do bolo que não fiz, a ausência da alegria em volta da mesa. Parece-me que foi há pouco, há um bocadinho mesmo, que ela me olhava enquanto mamava sofregamente. Parece que foi há bocadinho que, na sala de partos, ao acordar da anestesia, ouvia dizer que estava tudo bem e que tinha morrido o Dr. Mota Pinto. O meu irmão estava comigo, garantia-me que a rapariga estava perfeita, e eu temia por ela, a minha pequenina, e pela irmã que estava nas mãos dos avós.
Parece que foi há bocadinho, e ela já está a festejar 33 anos longe de mim, com a família que é dela e onde eu sou visita.
Pode ser natural. Muito natural. Mas dói que se farta!

1 comentário:

  1. O A. fez 38 dia 30 e para não doer, recuso-me a recapitular esses momentos bons... e foram tantos!

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