Eu não gosto muito (NADA) de desporto. Não gosto de corridas, a pé ou de bicicleta, nunca vi um jogo de futebol do princípio ao fim e, quando há Jogos Olímpicos, só vejo a abertura... Ainda por cima, eu não gosto nada de ser obrigada seja ao que for, e gostar de desporto, ter uma t-shirt brilhante e usar ténis, parece estar a tornar-se obrigatório! Tudo o que me é imposto, sem que me seja dada hipótese de escolha, irrita-me e enerva-me.
Ora, confessado este meu estado de não-desportista-militante, facilmente se adivinha como me sinto violentada quando esbarro com desporto no meio das ruas e me vejo obrigada a assistir à passagem de gente suada, ou a chegar a casa horas depois do desejado. Mais revoltada fico ainda, quando encontro os agentes de autoridade, como há bem pouco tempo me aconteceu em Portalegre, a soprarem impropérios nos apitos estridentes impedindo, sem oferta de alternativas, que eu faça a minha vida como cidadã relativamente livre.
E vem este desabafo, agora, precisamente para me contradizer!
Pela primeira vez na minha longa vida, esbarrei com elementos da GNR de uma simpatia, educação e profissionalismo incríveis!
Tive de ir a Castelo de Vide e, logo no primeiro cruzamento, um jovem militar, com um sorriso e pedindo desculpa, indicou-me um percurso alternativo. Questionado sobre se eu teria possibilidade de chegar ao destino, para deixar a minha mãe de 90 anos, a resposta surpreendeu-me: - Com certeza! se tem de ir, vai. Tem é de ter paciência, mas diga aos meus colegas onde vai que eles hão-de ajudá-la. Assim fiz, três vezes. Todos, TODOS, foram correctos, educados, simpáticos e eficientes.
Dei uma volta muito mais longa do que é habitual, mas pude chegar onde queria e ninguém me gritou ou ameaçou. Desta vez, não senti o peso da ditadura dos desportistas e pensei, juro, que poderia estar num país desenvolvido. Obrigada à GNR de Castelo de Vide. Obrigada aos jovens militares que conseguiram que a minha tarde não ficasse estragada, com a mais valia de não ter visto um único desportista!!!
Luísa, estes agentes, GNR ou Polícias são novos, formados noutra perspectiva bem diferente da dos “barrigudos” que ainda por aí andam “gritando” com o apito, como forma de se imporem!
ResponderEliminarDalma
Certa vez eu estava fora do meu contexto. Numa outra cidade. Comigo estava a minha família e a minha filha tinha um retiro a começar. Parei o carro no meio da estrada. Em desnorte completo. Não tinha a menor ideia de para onde devia virar. A estrada deserta. Ao longe surge um carro. Parou junto a nós. Era um casal novo. Perguntaram se precisavam de ajuda. Expliquei. Venham daí atrás de nós. Em menos de nada lá estávamos. A miúda contente por ter encontrado os amigos e os professores. Perguntei ao casal que nos ajudou se queriam tomar um café. Não podemos temos que voltar para trás e seguir. Agradeço. De nada disseram. Agora só tem que fazer o mesmo sempre que encontrem quem precisar de orientação. Temos tentado cumprir a promessa fugaz que ali fizemos.
ResponderEliminarO cultivar de um bom e saudável estado físico é algo que deve ser incentivado, quer seja nas ruas, quer seja em casa. Em todo caso, também uma boa saúde intelectual e cultural deve ser cultivada, como bem diz a máxima greco-romana, Mente sã em corpo são. O problema, como a professora refere, é que hoje em dia os aficionados pelo desporto tentam fazer do desporto como algo imperativo, e quem não o pratica fica marginalizado, situação que sucede um pouco na mesma linha do actual histerismo que existe da saúde à força. Saramago uma vez disse, Dizem-me que tenho de fazer desporto, que me faz bem, mas nunca ouvi ninguém dizer a um desportista que lhe faria bem ler um livro. A professora, como uma pessoa intelectual, deve ter a elevação de respeitar os desportistas que correm pelas ruas.
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