domingo, 1 de junho de 2014

A ROSA

Na velha Casa da barra Amarela, no espaço onde, para mim, a existência ainda faz sentido, a hera forte ocupou toda a parede e tornou-se muralha do pequeno relvado. É uma imensidão de verde brilhante, jovem diria Garrett, e eu gosto da tecitura de tonalidades da cor da esperança. Hoje, quando regava a relva, reparei numa rosa, única, que rompia os verdes e dizia presente. É uma flor muito frágil, podia ter sido pintada por uma criança das que hoje festejam o dia que lhes deram, mas, na sua singeleza, impunha-se e empertigava-se. Ei, olha para mim!, parecia dizer-me. Eu olhei. Olhei, fotografei e invejei. Sim, invejei a força que tanta fragilidade consegue ter, invejei a forma como, sozinha e diferente, se empertiga para dizer presente.

1 comentário:

  1. Eu sei do que falas. Como é difícil, cada vez mais, ter identidade e assumir a diferença...

    Lena

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