Naquele dia, dia de sol e quentura, tudo parecia possível. Ela preparava a casa, o quintal, fazia camas de lavado, cheirava os turcos que queria macios e perfumados, antecipava a alegria da casa cheia, das correrias infantis, da ternura a dizer presente. Andava agitada, apressada, carregando no fundo da alma, lá mesmo naquele lugar longínquo que não queria encontrar, uma mancha cinzenta difícil de explicar. Nos preparativos, ralhando com o cão que insistia em meter-se em casa deixando tudo cheio de pelos, dizia para si mesma que devia aproveitar o momento - Carpe diem - e deixar-se levar pela ansiedade feliz...
Mas o pontinho negro, teimoso, decidiu alastrar e, de repente, o telemóvel gritou tristeza impondo culpas, trazendo ódios injustos.
Às vezes, a modernidade é incómoda demais e a agressão, gratuita e cruel, vai matando o sol que nasce em cada sonho!
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