Do lado de lá do passado, não há
nada. No passado, nada é. O presente ilude-nos e, talvez por isso, talvez,
também, pelo medo do futuro, tendemos a refugiar-nos no passado que julgamos
terreno seguro.
Mas o passado não está lá. O passado foi para o mundo dos
sonhos, para a espuma das ondas e nunca mais é verdade. Campos dizia que
deveria ter trazido o passado roubado na algibeira, mas sabia ser um
condicional impossível. O passado é uma esteira, feita de cinzas e brilhos como
o do fogo-fátuo. O futuro, por outro lado, é um sonho a haver, uma realidade
que raramente o será. A gente sonha, imagina, planifica, acredita, projecta e,
depois, a vida, ou a sucessão de dias de cada existência, destroem tudo e
mostra que temos mesmo de nos satisfazer com cada instante.
Só que, pelo menos para mim, os
instantes são transições de tempos sem sentido.
Ah… Sentido.
Talvez, quem sabe, a
questão seja mesmo ignorar a existência de sentido e viver ao sabor do momento,
saboreando a certeza de que não haverá desilusão, porque nunca chegou a existir
ilusão!
Luísa, o seu texto seria ótimo para um prefácio de qualquer livro que trate e advogue a prática do “Mindfulness” que defende que nos preocupemos apenas com o “Aqui e Agora” já que o passado não se repete e o futuro ainda não existe!
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