Conheço uma menina muito querida,
menina que foi confinada no 5º ano de escolaridade, que tem estado,
diariamente, a estudar, a fazer trabalhos, a olhar para o Zoom, a ver a tele-escola.
Às vezes, sorte minha, trabalho, mais uma vez com o apoio do Zoom, com esta
menina. Estudamos inglês, português e
até história. A menina é curiosa e, por isso também, facilmente faz
aprendizagens significativas. Pergunta, relaciona e tem ainda, algo que a
muitos roubaram, direito ao espanto. Ora, um dos conteúdos que a minha menina
estuda em História e Geografia de Portugal são os descobrimentos. E conversamos
sobre a situação geográfica de Portugal, a expansão da Fé, o comércio, os mitos
e medos, as descobertas. Ela gosta de saber, ri-se quando digo que D. Filipa se
chamava de Lencaster e se tornou de Lencastre, fica impressionada por ter
havido (haverá inda?) povos antropófagos, e compreende a surpresa de Pedro
Álvares Cabral e dos seus homens ao chegar ao Brasil. Fica indignada quando
fala e identifica as características do estilo manuelino e diz, rindo, que
gostava de ter visto um elefante a passear em Lisboa. Esta menina sabe bem como
as especiarias, o ouro e a seda vindos da Índia modificaram Portugal. Refere
Pedro Nunes, Luís de Camões e outros, e sabe falar da Escola de Sagres, do
astrolábio e das cartas de marear. Esta menina muito querida, sabe pensar e,
eu, garanti-lhe que não era preciso saber as coisas de cor, porque ela sabe
tudo e, se lhe faltar uma data ou um nome, basta perguntar ao senhor Google.
Ora, ontem à noite, a minha
menina de olhos negros e curiosos, chorava muito. Porque a mãe quis
certificar-se que ela tinha estudado e, de livro na mão, queria-a ver repetir o
que estava no manual de HGP. Fiquei muito triste. E preocupada também! Como
professora, não consigo aceitar que se continue a valorizar mais a memória do
que a compreensão, como mãe e avó não aceito que se faça das aprendizagens uma
questão de conflito familiar.
E sim, afirmo e volto a afirmar,
esta minha menina querida sabe muito bem interpretar, relacionar e compreender
a História de Portugal desde a conquista de Ceuta, 1415 (diz o senhor Google) até
1500 (esta sei eu).
Luisa, falo com conhecimento de causa (a Di anda no 7ºde escolaridade) e quem era boa professora presencialmente continua a sê-lo, no caso a professora de Português, quem era má/mau agora à distância é pior (resume da página X à Y)!!
ResponderEliminarSe este ensino veio para ficar(?!) então comece-se a ensinar os professores, menos capacitados, para esta nova escola!