quarta-feira, 24 de março de 2021

SEXALESCENTE

 A descoberta científica, às vezes, acerta. Gosto muito desta ideia de ser sexalescente

"Se estivermos atentos, podemos notar que está a surgir uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade. Os sexalescentes são a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica, parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens, oprimidos em corpos desenvolvidos mas ainda sem a mentalidade dos adultos, e que revelavam não sabendo para onde ir nem como vestir-se.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota, e parte para outra...

Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um fato Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na década dos sessenta/setenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão a experimentar uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos, e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas."

Os governos não querem dar-lhes a aposentação, não porque achem que ainda trabalham bem, mas porque não querem dar-lhes o dinheiro que eles próprios descontaram. A desculpa é apenas que a esperança de vida aumentou. Para alguns governos, as pessoas viverem mais é um problema, em vez de ser uma oportunidade e uma mais valia.

Pois bem, se a esperança de vida aumentou, também deve ter aumentado o bom estado mental e físico das pessoas com sessenta ou setenta anos.

Então, acabe-se com a ideia dos sexagenários serem velhos e ninguém lhes querer dar emprego ou cargos de alguma responsabilidade.

Uma pessoa não muda da capacidade de trabalhar para a incapacidade de um dia para o outro. Então, um governo justo e inteligente devia criar um regime de transição em que os trabalhadores mais velhos teriam progressivamente menos horas de trabalho diárias, ou menos dias de trabalho semanal. Por exemplo, começar por três dias de fim-de-semana. A transmissão da experiência e dos conhecimentos é fundamental para a evolução das sociedades. Os "sexagenários" ativos podem não ter as mesmas capacidades físicas, mas intelectualmente valem o mesmo ou mais do que muitos jovens.

Só depois deste reconhecimento os "sexagenários" aceitarão trabalhar até mais tarde e terem aposentação mais tarde.

Sexagenário, sexagenário!

Apetece dizer, sexagenário é  o teu pai ou a tua mãe.

Nota: Adaptado e acrescentado de mensagem da antropóloga brasileira Mirian Goldenberg.

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