Não tenho memórias reais, minhas, do tempo da ditadura. Em minha casa não se falava de política, os meus pais trabalhavam os dois, nunca senti, por sorte, a opressão. Construí a memória do salazarismo no património colectivo de escritores, sobretudo poetas, conversas de quem viveu o medo e a violência. Para mim, a Liberdade é, devia ser, um Valor essencial, tal como o direito à vida, à opinião, ao sonho. 25 de Abril é, sem dúvida, uma data especial. Sem donos, sem proprietários, pertence a todos os portugueses e deve, sim, ser assinalada e lembrada.
A revolução de Salgueiro Maia e Eanes, para mim as principais referências, ainda não se cumpriu. Como diz Sophia, este ainda é "o tempo dos chacais", o tempo da injustiça, da fome nas ruas, da corrupção e do medo.
Senti na pele a injustiça e o medo, há dois anos, teoricamente num tempo de Liberdade de expressão. E, também por isso, penso que é importante fazer uma real e efectiva pedagogia da Democracia. Não fundamentada em parangonas, mas em aprendizagens significativas.
Pessoa escreveu "Senhor, falta cumprir-se Portugal". Eu acrescento: AINDA ...
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