Há pequeninas coisas, factos insignificantes, tempos ignorados, que me ajudam a sobreviver. Quando me sinto sufocar, quando parece que um tsunami de chatices me vai definitivamente afogar, é no minúsculo que recupero forças! Ofereço-me, sempre que posso, tempo de solidão propositada. Fujo do mundo, desligo o inoportuno telemóvel e acelero para Marvão.
Dantes, sem custos, perdia-me no castelo. Agora, por um euro e trinta, a única coisa barata dos meus dias, mergulho no mundo de pedra e fico olhando as aves, o jardim de buxo bem cuidado, as caminhadas curiosas e hesitantes dos turistas, o palavrar difícil da senhora espanhola que vende recordações. Na rua estreita encontro o café de sempre, onde há vinte anos as minhas filhas exigiam o gelado de domingo de manhã, agora com um pequeno restaurante delicioso.
Oiço o papagaio gritar e espreito, da janela florida, os passos estrangeiros na terra que acho tão minha. Regresso com forças recuperadas, achando que cumprir formações ocas numa plataforma estranha não merece a minha angústia. Há vida nas pequenas coisas e eu, cada vez mais, vou oferecer-me enormes minusculidades!
E são mesmo as pequenas coisas que mais valem a pena!
ResponderEliminarAna
Tem razão, temos de valorizar as pequenas coisas pois as grandes são cada vez mais relvados secos...
ResponderEliminarTeresa
Sempre que a oiço ler no Bonfim, fico com vontade de vir aqui visitá-la e nunca me desiludo!
ResponderEliminarBem haja!
António