Fala-se muito em violência e
todos nós, ou quase, ficamos arrepiados quando nos falam em guerra, assassínios,
homicídios, agressão sobre os mais fracos, assaltos, etc. A violência, para o
cidadão comum, é algo reprovável e assustador. No entanto, todos, ou quase,
somos vítimas da violência passiva que, se não nos mata de um só golpe, nos vai
matando aos poucos… Pessoalmente, sinto-me violentada quando ligo o meu
computador e sou bombardeada com propostas de pseudo prémios que, por ser o
elemento número não sei quantos, acabei de ganhar. Se.
Claro… ganharei se. Se comprar mais alguma coisa, se
responder a mais alguma pergunta que para sempre me agarrará numa linha de
violentas propostas que limitam a minha vida. Sinto-me também violentada, e agredida,
quando oiço o senhor primeiro-ministro anunciar mais roubos ao meu ordenado e,
ao mesmo tempo, sei que paga três mil euros, ou até mais, a assessores de
aviário que vão enchendo os corredores de Assembleia da República. De aviário,
entenda-se, porque são jovens inexperientes que pouco sabem e nada fizeram para
auferir ordenados superiores aos que recebem trabalhadores que há mais de
trinta anos trabalham para o estado! Sinto que é uma violência, sem tamanho, a
que a Assembleia da República impõe às crianças institucionalizadas, ao dizer
que, para que um casal homossexual possa adoptar terá de se fazer um referendo.
Penso, sinceramente, que mais vale receber amor e carinho de uma família seja de que tipo for, do
que crescer sem conhecer a ternura! É violência ver uma criança a pedir esmola
nas ruas, é violência, da mais terrível, ver mães recorrerem à caridade para
poderem pôr comida na mesa dos filhos. É violência, destruidora mesmo, o facto
de um jovem casal ser forçado a negar-se a possibilidade de terem filhos porque
o país onde nasceram não lhes permite educar e ver crescer as crianças!
Para mim, é também violência
psicológica ouvir o leader do maior partido da oposição. Tanta promessa irreal,
tanta parangona oca, tanto vazio, é um ataque até à inteligência de um
português!
Quando oiço dizer que em Portugal
temos sorte, porque vivemos em paz, fico espantada! Paz não é apenas o antónimo
de guerra. Paz é podermos dormir descansados, com a certeza de que, ao alvorecer,
ainda temos emprego, comida e possibilidade de educar os filhos. Paz é não nos
tremerem os dedos quando abrimos um envelope das finanças, por estarmos certos
de que não vamos ser roubados; paz é ter a certeza de poder ter um bom
tratamento, se tivermos o azar de adoecer; paz é poder sair de casa sem
esbarrar com um radar escondido da GNR para nos multar aos 65kms… Paz é, para
mim, poder viver cada dia sem sobressalto e sem medos.
Em Portugal, penso eu, a
violência é uma constante, muito dolorosa, e castradora de sonhos e progresso.
Mais grave ainda, os portugueses comuns vivem com medo. Medo do amanhã, do fim
do mês, medo das decisões tomadas na Assembleia da República, medo das subidas
de impostos, medo de adoecer, medo de não poder pagar a Faculdade aos filhos.
Paz em Portugal? Para mim, paz podre!
De facto, violência e medo andam de braço dado!
ResponderEliminarAntónio