quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

VOZES DE BURRO

Nos últimos dias, desde sempre talvez, muito se tem falado sobre Educação. De Educação, estranha e curiosamente, toda a gente sabe e, sobre o tema, toda a gente opina. 
Manuela Moura Guedes foi à televisão, em horário nobre, dizer mentiras, fazer acusações falsas e muito graves, divulgar a sua total ignorância sobre o ensino profissional e, o que para mim é mais grave, logo uma multidão de portugueses concordaram com a senhora e repetiram, à exaustão, as enormidades que tinham ouvido. No meio destas pessoas, e isto revolta-me mesmo!, alguns professores encheram as redes sociais e os cafés, temo que as salas de professores também, de concordância idiota. Que se vivem tempos de facilitismo, que a autonomia e flexibilidade não pode funcionar, que metodologias participativas são utopias, que os meninos só têm maus resultados porque não estudam, etc. Dizem-no, repetem-no, como se não fossem eles quem trabalha com os mesmos meninos!!
Eu tinha decidido não me pronunciar, ignorar tanta ignorância, mas a coisa não pára.
A autonomia e flexibilidade  curricular é a oportunidade de transformação que a Escola Portuguesa há muito necessita. O que está em causa é, de forma resumida, olhar cada aluno como único e singular e encontrar formas de que cada um, ao seu ritmo e com as suas características, aprenda e desenvolva competências. É a oportunidade da Escola ser, de facto, um lugar de formação de Pessoas na sua complexidade (leia-se o Perfil do Aluno). Dizer que se pretende, apenas, que todos passem sempre sem aprender, é ofender os professores que o são de facto! 
A Educação é uma ciência, complexa, mas valiosa. Dizia o Padre António Vieira que "A Educação vale ouro, porque em qualquer lugar tem valor", e estava completamente certo.
Se queremos um mundo diferente, melhor, mais humano, temos MESMO de ter consciência de que a Escola, e sobretudo a sala de aula, tem de mudar! 
Se há Manuelas Moura Guedes por aí, que falem sozinhas. E, sobretudo, que os professores se indignem e defendam a sua prática (aqueles que são mesmo professores)... O meu post já vai longo, e eu ainda teria tanto para dizer.
Enfim, espero, sinceramente, que vozes destas não impeçam a transformação da Escola Portuguesa. Afinal, vozes de burra não chegam ao céu!


1 comentário:

  1. Nem sei o que dizer, Luísa! Agora, “toda” a gente sabe falar sobre tudo, do tipo, como se diz no futebol, “treinadores de bancada”!

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