Corre o rio, leva o tempo. Olho o veleiro que o vento empurra e, pés no chão, lamento que me não leve a mim também. Sou bicho terra, de chão fixo e, aqui, onde o mar acaba e a terra começa, lembro muitas histórias da História, minhas também, e vivo o desejo de partir.
Curioso o verbo partir. Partir, assim, no infinitivo, parece-me agradável. Ver partir quem me é querido, é-me doloroso, sabe a vinagre tinto, feito de sangue e dor.
Mas, hoje, eu quero ir com o Tejo. Quero que me envolva nas ondas pequeninas, que me façam cócegas na existência os pés das gaivotas, que, com um rasgo de sorte, me atirem ao ar os golfinhos-roaz ou, apenas, as toninhas vulgares. Quero partir!
Sozinha. Levando na bagagem as minhas vivências, os bons momentos que roubei à vida, carregando junto a mim a ternura que vivi.
Quero partir!
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