Sempre que setembro se inicia, há pelo menos 37 anos, eu vibro. Entro num estado de excitação, de alegria, inexplicável, carrego a cabeça de projectos e o coração de sonhos. É o regresso à Escola!
Embora já tenha vivido muitos inícios de ano, a ideia de que vou reencontrar alunos, vou conhecer novos jovens, vou poder desafiá-los a ousar, vou descobrir textos e partilhar leituras, sempre mexe comigo.
Este ano, neste maldito 2020, no ano em que, depois de três anos longe de alunos e só trabalhando com professores, resolvi voltar à sala de aula, setembro anuncia-se tenebroso. Reina o medo, a desordem, a desconfiança. Não sei como vai funcionar a Escola! Dizem-me, mas diz-se tanta coisa..., que o Ensino Básico terá aulas de manhã e o secundário à tarde. Parece-me irrealista. Dizem que as turmas vão ter menos alunos, e na Escola para onde vou fundem-se turmas de 15 numa única de 30. Não se sabe como serão os exames, não se sabe se será necessário voltar ao ensino à distância. Não se sabe. E esta instabilidade, para mim e, receio, para a maioria dos alunos, não perspectiva sucesso, não anuncia bem-estar.
Pessoalmente, não tenho dúvidas que é preciso reinventar a Escola (ainda bem). Que o modelo que conheci e conheço tem de acabar. Mas, sem dúvida, a presença de pessoas e a partilha de espaços é fundamental na educação. Somos PESSOAS e, como tal, precisamos uns dos outros para nos construirmos.
Tenho medo. Não do desafio, não da mudança.Não do Covid-19. Tenho medo da indecisão!
Este ano, setembro chegou a cheirar a azedo.
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