segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

TINHA DE DESABAFAR

Finalmente,  estamos no último mês deste terrível 2020. Ano horrível, feito de perdas, de injustiças, de maldade, de medo e terror. A minha mãe morreu neste maldito ano, cada dia vestiu-se de angústia e mágoa, e é com alívio, ainda que com esperança contida, que vejo que o calendário me diz ter chegado o último mês.

Neste 2020, para além de todas as perdas e desgostos, tantos!, vivi uma situação de violenta injustiça que me marcou e deixou com menos (ainda) fé nos homens. Mesmo nos homens que se dizem de boa vontade. Tenho estado em silêncio, lidando com a dor e revolta como posso, ou como dolorosamente consigo, mas agora apetece-me pôr em palavras o que vivi.

Fui para a Santa Casa da Misericórdia de Portalegre sem qualquer interesse pessoal. Moveu-me, exclusivamente, a vontade de fazer parte activa da minha comunidade, o desejo de poder servir e ajudar. Não conhecia os outros membros da mesa, para além do muito saudoso Senhor Elói, e entrei de coração aberto. Logo nas primeiras reuniões, percebi que nem todos nos movíamos pelos mesmos motivos. Conheci duas senhoras que resisto a adjectivar, é tempo de Natal, não quero usar palavras escuras. Nunca imaginei que tanta maldade pudesse existir em seres teoricamente humanos, aqui, na minha cidade. 

Fui continuando a dar o meu melhor, procurei ajudas, envolvi uma grande amiga, profissional de excelência, na minha vontade de ajudar. E estava tudo a correr bem, as contas a acertarem-se, o sentimento de pertença a uma causa a crescer entre todos. Teciam-se cumplicidades, reconheciam-se sorrisos e eu não lamentava as muitas noites em branco, as muitas horas a tentar apoiar as decisões das técnicas. 

O que eu não adivinhei, talvez não tivesse o sentido da maldade suficientemente apurado, era que havia na SCMP uma pessoa (ou mais) feitas de raiva e crueldade. Uma mulherzinha, que foi minha aluna e em quem eu confiei, minou o trabalho, entrou nas redes sociais com nome falso, caluniou, divulgou documentos internos, fez o que muitos répteis não conseguem fazer: - Matar aos poucos, por interesse particular apenas. Avisavam-me. Mas eu não acreditava, e fui confiando nesta coisa ruim.

Um dia, tudo mudou. Uma investigação, e o senhor bispo a exonerar a Mesa. Sem uma palavra para mim, sem me ouvir, sem dar o benefício da dúvida. Magoou-me profundamente.

Sim, eu sou católica. Mas os bispos são homens e nem sempre, infelizmente, seguem Jesus Cristo.

Ainda não consegui libertar-me da revolta magoada que sinto! Como é possível agir assim? Como é possível não respeitar quem serviu uma Causa nobre? 

Felizmente, desta experiência na SCMP não ficou só a mágoa revoltada. Não ficaram só cruzamentos com pessoas horríveis. Ficou, sem dúvida, uma aprendizagem que seguirá comigo.

Além disso, e mais importante do que tudo, ficaram amizades verdadeiras, reais, tecidas de compreensão e respeito. Saí a ganhar, porque trouxe no coração a amizade do Provedor, das técnicas, de directores, ouso acreditar que de muitos funcionários também. Pude viver a essência de práticas profissionais feitas de entrega ao outro e, sem dúvida, isso nenhuma maldade me poderá roubar!

Obrigada, de coração, a todos os que inscreveram ternura no meu coração.

Aos outros, aos que caminham espalhando o mal, a calúnia, o insulto e a arbitrariedade, que Deus não lhes perdoe, porque eles (e elas), sabem o mal que fazem!


1 comentário:




  1. Luisa, conhece a fábula da cobra e do pirilampo?
    Pelo sim pelo não aqui vai um resumo, muito resumido:
    Era vez uma cobra que noite após noite perseguia o pirilampo... um dia este ganhou coragem e perguntou-lhe:- “cobra que te fiz eu para me quereres comer? Eu que me esforço para todas as noites iluminar a tua escuridão!”
    A cobra enfaticamente diz-lhe: “É que eu NÃO SUPORTO VER-TE BRILHA!!!

    É este o meu comentário ao seu post.
    Dalma

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