O meu cuco veio da Alemanha. Veio embrulhado por partes, com mil cuidados, e, durante muito tempo, assim permaneceu. Não encontrava um lugar certo, perfeito, para ele. Acontece-me isto muitas vezes, pensar que as coisas fazem sentido no lugar onde pertencem, achando-as deslocadas quando tento realojá-las. Com o cuco, foi assim.
Depois, numa das muitas voltas da minha vida, surgiu uma parede que pedia algo. O cuco, pensei! E lá o coloquei, pêndulo e acessórios, na parede da sala.
O cuco, talvez zangado por tanto tempo de abandono, não funcionava, e foi o querido Senhor Elói, tantas saudades, que com muito engenho e paciência lhe devolveu a vida. E o cuco foi-se impondo. Indiferente a alguns protestos, oh mãe o cuco faz imenso barulho de noite, oh avó faz lá o cuco sair, ele foi cumprindo o seu papel. Certinho, fazendo jus às origens alemãs, vinha cá fora anunciar as horas, as meias-horas também.
Eu habituei-me à companhia do cuco. Afinal, já me habituei a coisas bem piores.
Aqui vai a história do nosso relógio de cuco:
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