Era um jantar de homenagem a um AMIGO especial. Tens de ir, disseram-me, tens de falar sobre o que escreveste. E eu, que cada dia mais me fecho no meu canto, lá fui. Sábado de imenso calor, missa que era para ser pela intenção dos homenageados mas que, afinal, não foi. Porque a Igreja também está em crise? porque não há porque? Porque, na desculpa esfarrapada, não há missas por intenção de defuntos ao domingo que, na Igreja, começa ao sábado.Imagino S. Pedro, no céu, a riscar no calendário: - Morreste no Domingo, entra lá que não tens cunha!... Depois da missa, o jantar. O novo hotel da minha cidade, um mamarracho de cores escuras, vista para a zona industrial, pó nos acessos por acabar e o calor a continuar. Os monárquicos à espera do rei, ou do duque que o quer ser, ou de uma ideia oca...
Sentei-me olhando. Senhores da minha terra a falarem da monarquia que eu rejeito, senhoras pomposas a aguardar o momento da vénia a sua alteza real (as minúsculas são intencionais) e, a morrer de sede e calor, lá entrámos para a sala, pequena e sem janelas, onde o dito dom Duarte nos aguardava. O jantar começou. Comida intragável!! Menú ridículo e desajustado, papos de anjo duros como calhaus, café de feijão torrado. Eu desesperava! O calor, na sala, alternava com um ar concionado fortíssimo que me fazia tremer. No fim, o discurso do duque. Que os países nórdicos têm o sucesso que têm porque são Monarquias!!! Que os republicanos são gente estúpida! Era a gota de água que faltava para fazer transbordar o meu copo!!! Não aplaudi o "viva o rei de Portugal!" gritado por vozes mais histéricas que convictas, e saí assim que pude.
Este meu país, este meu Portugal, consegue ser tão ridículo nos ideais como nas práticas!! Monarquia?? Cruzes!! Mal por mal, antes esta república das bananas...
Como te compreendo. Melhor teres ficado em casa, a ler um livro...Bjs
ResponderEliminar