quinta-feira, 18 de junho de 2009

Trovoadas

A minha cidade está coberta por um denso cobertor quente de nuvens ruidosas. Ronrona constantemente o ar, choram grossas lágrimas a tentar, sem êxito, enganar o calor doentio que me faz estoirar a cabeça. Lembro o Régio, "Lá vem o vento suão, traz febre, esfarela os ossos, e atira aos desesperados a corda com que se enforcam na trave de algum desvão". Hoje, não há vento. Mas a vontade de morte, a desesperança, a febre que esfarela ossos, sinto-as correr-me nas veias. Apetecia-me uma chuvada dilúvica e purificadora. Apetecia-me água honesta, intensa e escorrida, deixando-me capaz de descobrir o sorriso de Deus que quero crer que exista.
Hoje, tenho garras que me sufocam por dentro, medos vários, e uma vontade absurda de desaparecer (não sofrer, como o poeta). Hoje, é um dia triste e cansado a fazer difícil cumprir esta coisa que dizem ser viver.
Hoje, desejo com força a chegada do amanhã!!

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