Era um filme sem estrelas, feito de uma história terna, de amizades e amores, entregas e cumplicidades, com uma sala nem meio cheia.
Logo no início, as gargalhadas exageradas, fora de propósito, de meia dúzia de miúdos, 14 ou 15 anos, sentados na última fila. Soaram alguns "chiuusss!!" irritados , a que responderam gracejos desgradáveis, e começou o filme. Aina mal a história tinha começado e já choviam pipocas, as malditas pipocas dos modernos cinemas, em cima de quem, como nós, tinha decidido fugir à chuva vendo um bom filme. Novos protestos. Uma senhora reclamava, "tirem os pés de cima de mim!" e o desespero protestado impedia o gozo do filme. No intervalo, a queixa impôs-se, e os miúdos, sob a ameaça de polícia, foram obrigados a abandonar a sala. Uma senhora, furiosa, garantia que já lhe bastava toda a semana, na escola, a aturar más educações. Era professora... Eu fiquei quieta, observando e experimentando uma dolorosa sensação de compreensão.
Também sou professora e, como a minha colega, também eu sou confrontada, cada vez mais, com miúdos insolentes, mal-educados e a quem, francamente, fazia bem um bom par de estalos. Saí do cinema quase satisfeita com o tempo passado, de alma lavada por uma história de amores felizes (só no cinema!!) mas preocupada com o meu mundo. Que sociedade é esta que deixa que os jovens cresçam sem regras, como animais selvagens, pisando quem lhes apetece e desrespeitando tudo e todos?! Lembrei-me de alguns dos alunos que, este ano, tenho numa turma de 11º ano. Podiam bem integrar o grupo que vi ser expulso do cinema. Miúdos estranhos, estes. Ou mundo estranho, este?
Não desanimes! As coisas não mudam assim tanto. Quando comecei a dar aulas tinha 26 anos e tive logo 8 turmas de rapazes, alguns com essas idades...
ResponderEliminarFoi um suplício durante meses, mas depois passou...
Tens que os "cativar" como o Principezinho fazia às coisas compliccadas... Se não "der", há sempre uma florzinha no grupo: fixa-te nela!
Aqui está um comentário,de quem mostra saber do que fala e entendeu o seu magistério. As dificuldades existem, por esta ou aquela razão, há que saber resolve-las, conforme as personagens a quem nos queremos dirigir.
ResponderEliminarO Ser, a que lhe falta educação, possivelmente, e, arriscaria uma certeza, não será o único culpado. Todos somos fruto da sociedade e do meio que nos envolve, só com a diferença de que, uns saltam o muro e outros ficam-lhe encostados.
Acredite, não veja nestas minhas palavras qualquer animosidade contra a sua pessoa. Refiro-me simplesmente a alguns, repito, alguns dos seus textos. Sigo-os há bastante tempo, ainda existia o "O DISTRITO".