Era uma miúda gira, bem-disposta, cheia de amigos, namoradeira e sorridente. Ao contrário de milhares de jovens, tinha emprego, era enfermeira, vivia numa casa boa e tinha o automóvel que escolhera. Nos seus 25 anos, parecia feliz, sempre disponível para uma saída com amigos, para um programa divertido. Ontem, suicidou-se. Utilizou a sua competência profissional e injectou cloreto de potássio na própria veia. No facebook, pela manhã, deixou uma frase apenas.
Não falo de ficção. Falo de uma miúda que vi crescer, que comia sugus nas festas de anos da minha filha, que saltava à corda e jogava ao elástico. Ontem. Porque para mim, será da idade?, a infância das minhas filhas foi ontem! Hoje, a menina loira da minha cidade está morta.
PORQUÊ? O que terá levado esta jovem a, abruptamente, acabar com a vida?! Vão surgir tentativas de explicação, justificações eventuais, mas, creio, nunca saberemos o porquê real. Se, porventura, existiu um porquê. Hoje, dezenas de amigos desta miúda choram inconsoláveis. Envelheceram, de certeza, uns anos, com esta morte violenta.
Vejo-os chorando. Não compreendo porque escolheu esta menina partir assim e, hoje, penso que de pouco me interessa a crise, o idiota do Sócrates e as anormalidades do governo. Porque ser PESSOA, existir, é muito mais do que pagar impostos e sobreviver a ataques constantes de políticos inaptos. Ser Pessoa é tentar perceber as meninas, como a Ana, que se despedem do sonho com uma frase no modernissimo facebook.
Seja lá onde for que estiver a Ana, espero que vigie os amigos que abandonou e que, de longe, lhes dê força para atravessarem o negro da dor e da incompreensão que hoje os domina.
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