Quando abriu a carteira não queria acreditar. NADA! Do seu porta moedas recém comprado, das fotografias de momentos irrepetíveis, de cartões de débito e crédito, nem vestígios. Apenas um enorme vazio. Um doloroso e agressivo vazio. Sentiu calor, frio, fúria, raiva, desespero, desalento. Como fora possível? Quando acontecera? De repente, reviu o passado recente, a correria para o comboio, os encontrões, um olhar mais fixo. Desesperada correu as carruagens, chorando, em busca do tal olhar. Nada!
À sua volta reinava a indiferença. Afinal, todos os dias, a todas as horas, há furtos no comboio... Sentia-se impotente, magoada e revoltada. Procurou funcionários que a receberam com indiferença ineficaz. Está sempre a acontecer, não há nada a fazer.
Mal chegou ao destino, foi apresentar queixa e, depois de longos e incómodos minutos, soube que nada seria feito. A queixa seguiria para o DIAP e seria arquivada, disseram-lhe. Pagou treze euros. Treze euros por ter declarado que fora roubada, treze euros para ter um documento que, no fundo, atestasse a violência crescente num país que era o seu, treze euros para, com o dito papel, poder voltar a pedir o seu cartão de cidadão. Cartão esse que, se pudesse, não quereria. Quem quer, livre e conscientemente, ter um cartão que certifique que é um membro de um país onde a violência cresce, a impunidade vigora e a indiferença vinga?! Para a consolar, apenas a ideia de que só faltavam dois dias para partir. Dois dias para voltar ao país onde, sendo estrangeira, se sentia, de facto, cidadã...
Infelizmente, cada vez são mais frequentes essas situações...
ResponderEliminarAntónio
Eu não imaginava que se pagava para apresentar queixa de furto! É ser-se roubado a dobrar! Lol
ResponderEliminarAna
Cambada de alárves, saguessugas, empatas...
ResponderEliminarEles até ficam, às vezes, com os 13 euros e mais o produto todo do roubo!!
Depois de lhes darmos as indicações todas!
Lagartas esfomeadas...-anda tudo na miséria...
Luisa, compreendo que às vezes se veja o nosso país por um prisma muito negativo sobre tudo quando nos sentimos mais em baixo...
ResponderEliminarAgora pense lá, no país para onde foi a protagonista desse acontecimento não haverá também "pick-pockets"? Foi há mais de 40 anos, quando fui pela primeira a Londres que me deparei com aviso acompanhado do devido desenho para que não houvesse dúvidas: " pick-pockets, beware!"
E já agora, este Setembro no 2º dia que estivemos em Chicago, o Zé ficou logo sem o cartão de crédito! Não demoramos meia hora a darmos por falta dele e a comunicar o roubo, mas o facto é que o sujeito que no lo roubou ainda conseguiu fazer compras no valor de $200! Nos EUA raramente pedem para conferir a assinatura com outro documento, o que aumenta o perigo de sermos roubados!!