sexta-feira, 29 de abril de 2016

É sexta-feira, suei a semana inteira... É assim que, frequentemente , oiço cantar na Rádio. Eu não suei a semana inteira, mas estou feliz por ser sexta-feira. Hoje, é dia de olhar o Tempo e de fazer com ele o que eu bem quiser. Por isso, hoje, agora que a noite se instala de mansinho, apetece-me uma história... Uma história de era uma vez, cheia de possíveis e maciezas. Uma história com gelo a tilintar nos copos, olhares no mesmo sentido e sem linha de horizonte. Uma história sem memória, sem futuro também, escrita no silêncio que a noite sempre permite. Nessa história, com era uma vez, as pessoas entendiam-se, as desconfianças não existiam e os possíveis sucediam-se sem reclamar. Havia, no meio da narrativa, um espaço bem definido, branco mesmo, onde soavam gargalhadas frescas e sem culpas. O Tempo era, ele mesmo, a sua inexistência, e as personagens, porque não era uma fábula, eram humanos sem memória e, por isso, gozando a paz do esquecimento. A acção fazia-se de encaixes: - encaixes de momentos, de sonhos e de presentes. A história, esta que me apetece agora, seria de tal forma fantástica que nem teria ponto final!

1 comentário:

  1. Todas as histórias são sem ponto final. É essa a condição de serem histórias. Continuam. E continuam quase sempre em felicidade. Na vida é que há pontos finais. Hoje, uma senhora que conheço bem levou com um ponto que deve ser final. É, pelo menos, fatal.
    Na verdade, preferia eu que fosse história. Mas não. E quando assim, a gente esquece razões que tem e fica só a lamentar a rapidez com que um ponto muda tudo sem pedir licença. E o gelo que se abeira não é de copo, nem será gelo. É morte.

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