Duplo feriado. Nasceu Portugal, assinou-se o Tratado de Zamora e foi Portugal, posteriormente, reconhecido pelo Papa como país. Mais tarde, na mesma data, implantou-se a República. Para mim, faz mais sentido assinalar a primeira efeméride. Embora seja republicana, e apenas porque acredito que cada ser humano deve ser livre de fazer o seu percurso não podendo nascer condenado a ser rei, ou outra coisa qualquer, associo sempre a república ao crime contra D. Carlos e contra o filho. Sou, acho que cada vez mais, pacifista convicta e, por isso, actos que impliquem violência desagradam-me seriamente. Para além disso, não estou convencida, nada mesmo, que a república tenha trazido a resolução dos problemas a Portugal... Bem vistas as coisas, passaram a ser muitos os exploradores, mas o cidadão comum continuou, até hoje, a pagar os excessos de alguns.
Mas a primeira efeméride, talvez por envolver um certo ideal de cavalaria que me encanta, diz-me muito. Penso, ou imagino?, os esforços de um jovem rei a querer ter um país, a querer desfazer laços de obediência que o subjugavam e penso que também eu gostaria de poder, um dia, desfazer-me dos laços que me subjugam, limitam e, por vezes, humilham. Nasceu um país pequenino que cresceu, se fez ao mar, viu nascer poetas e artistas. Um país lindo, com paisagens que sempre me encantam. Um lugar a olhar o infinito, de costas voltadas para a anquilosada Europa e buscando o que está para lá do horizonte. Quero crer, com muita força, que há um povo a querer continuar a sua busca de sentido. Quero crer que, um dia, para fraseando o Poeta vai cumprir-se Portugal!
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