segunda-feira, 15 de outubro de 2018

SEXO E PODER??

A recente remodelação governamental já tardava. O Ministro da Defesa era um problema grave, os que o acompanharam figuras que provaram a sua incompetência. Outros há, com certeza... Mas, enfim, pelo menos houve alguma mexida nesta paz muito podre que se vive em Portugal. 
Pessoalmente, com a liberdade que me confere viver em democracia (às vezes aparente) não gosto deste governo, geringonça ou seja lá o que for, não confio em muitas das políticas adoptadas e não me revejo nas opções tomadas. Dói-me que se enganem as pessoas com 10 euros mensais, com anúncios de algo que, temo, teremos de pagar mais adiante de forma dolorosa. Custa-me ver que no meu país não se cria riqueza, não existem ideias novas e reformadoras e que, no geral, se vive de impostos directos e indirectos, de jogos e habilidades financeiras. 
Perdemos tudo: - O mar, onde os espanhóis pescam mais do que nós;  a agricultura, a viver de subsídios e sufocada por a UE; a saúde, com hospitais a colapsarem e pessoas a morrer nos corredores;...
Mas, hoje, há algo que me chateia, me indigna, mais ainda. Indigna-me que a opção sexual seja anunciada como determinante (ou não?) da capacidade intelectual de um indivíduo.  
Não questiono a opção de cada um. Mas não percebo por que razão se apresenta um ministro, ou ministra, frisando que é "assumidamente homossexual"! Nem sequer ouvi que dos outros se dissesse serem "assumidamente heterossexuais"! 
Nesta fobia do politicamente correcto, corremos o risco de entrar na intimidade de cada um e, depois, quando tivermos perdido de todo o direito à privacidade e à intimidade, vamos lamentar!
A senhora ministra é homossexual? O que me interessa isso? Azar o dela, apetece-me dizer!

5 comentários:

  1. Incrível e a observação é, a meu ver, absolutamente fora do contexto!

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  2. Professora, professora... Como irei eu pôr isto? Da seguinte forma: O seu texto crítico ao XXI Governo Constitucional tinha tudo para ser conciso e acertado (relativamente), altamente bem apresentado, não fosse a professora rematar com uma das suas tiradas típicas.
    A professora assume que a revelação do facto da ministra ser homossexual é um boost às suas proezas intelectuais. Não, não é, e só alguma má fé é que vai deduzir isso. Foi revelado que a ministra tem determinada orientação sexual por simples informação. Concordo consigo que a orientação sexual de um é "altamente irrelevante", e só quando todos a acharem como tal viveremos, nesse domínio, livres de preconceito e intolerância. Mas não vivemos num cenário desses por enquanto, a intolerância e o preconceito ainda são diários, ainda por cima num país que só despenalizou a homossexualidade na década de 80 - apesar de protestos de certos sectores, e a professora estava cá, lembra-se disso, eu só o sei - e num mundo em que a OMS só retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais em 1992. Num mundo onde nuns poucos países a homossexualidade permanece punível com pena de morte. Com estes factos, evidentemente que a necessidade de afirmação da sua orientação se mantém imperial, depois deste tipo de pessoas terem sido, durante séculos, descredibilizadas e mortas por simplesmente serem aquilo que são. Tem o direito em não querer saber, mas não se meta no caminho de quem luta todos os dias pela sua credibilidade, não critique, não diga "Que azar o deles", não faça troça, não conhece o domínio pessoal da pessoa para estar a fazer um manifesto crítico com base nas preferências sexuais duma pessoa.
    O problema de pessoas como a professora, que mantêm a bandeira da "Homossexualidade é Desvio Mental Patológico", é não levarem de bom grado a orientação sexual da ministra, e quem diz a ministra diz outras pessoas: Elton John, Freddy Mercury, Alan Turing, Oscar Wilde, Mário de Sá Carneiro, Michel Foucault, ou o homossexual anónimo que caminha na rua. E sabe qual foi o innuendo que denunciou o propósito deste texto? A sua última frase, que denuncia o preconceito e desconhecimento inerente à sua pessoa, do qual já há muito estou ciente. Uma única frase tira toda a credibilidade dum argumento, o que é triste, a professora é bem mais capacitada, para se estar a envolver nestas guerrinhas. O melhor que faz, se realmente quer levar isto de uma forma intelectual e humana, é falar sobre sexualidade com pessoas que dizem não ser heterossexuais. Não posso dizer que a sua observação não me magoa, magoa, tendo eu considerável respeito por si. Porque no final isto não é sobre a ministra, não é? No final isto é mesmo sobre sexo, e é a sua última frase que a denuncia.
    Um último ponto, tendo a professora um certo número de seguidores leitores, tendo a professora uma considerável influência na opinião de um pequeno conjunto de pessoas (e nem vou falar de presentes alunos seus), sugiro que use isso com maior responsabilidade, alguns comentários presentes na secção de comentários onde partilhou este texto, no facebook, são lamentáveis. E possivelmente (quem sabe) dentro de 10 anos também achará a última frase deste texto lamentável, tal como decerto hoje achará lamentável o seu texto Saramago e Caim, presente neste blog, de 2009.
    Bem, longe de mim dar-lhe lições, mas sugiro-lhe que reflicta sobre isto. Os melhores cumprimentos desejando-lhe tudo de bom, aguardando autorização de publicação e (se houver) posterior resposta ao meu sentido parecer.

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  3. Ainda me esqueci de dizer uma coisa. O que tu pensas, tal como o que eu penso, vale nada, ou pouco. Quem somos nós para classificar opiniões alheias? Basta-nos discordar, ou concordar, não nos cabe classificar. Aprende a combater o teu tom professoral que, com muito carinho te digo, fica-te excessivo e desadequado...

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  4. A minha primeira resposta, não sei porquê, não ficou publicada... Dizia que a minha questão é apenas o facto de considerar que a intimidade de cada um nada releva, ou deveria relevar, para o desempenho de qualquer cargo. Dizia, também, que gosto imenso da identidade que me conferem as minhas "tiradas típicas".

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  5. Com muito carinho lhe aceito a observação quanto ao meu "tom professoral"... Não é a única pessoa a dizê-lo. Bem, quanto à classificação de opiniões alheias, elas podem fazer-se, de outro modo nunca se chegaria à síntese de uma troca de ideias, de outro modo viveríamos num relativismo de razão. Beijinhos

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