segunda-feira, 11 de novembro de 2019

FACILITISMO

Quando aterrei em Portugal, e me dispus a ouvir e ler notícias, esbarrei com a indignação de muitos professores por o Ministério da Educação defender a não existência de reprovações, de chumbos, até ao nono ano. Os docentes mais inflamados, lamentando a sua sina de docentes, diziam mesmo tratar-se de uma política de facilitismo.
Não posso discordar  mais destas afirmações!
E explico!
A escola Pública, que nos últimos anos tem feito um percurso muito positivo, é, ainda, das que, na Europa, mais reprova alunos. E fá-lo, penso eu, porque há alunos que não aprendem ao ritmo da maioria, porque há alunos desinteressados e preguiçosos, dizem. Conheço, muito bem!, todas as justificações. O que discuto, o que contesto, é em que medida as reprovações têm contribuído para as aprendizagens dos alunos. Ou seja, um aluno que repete um ano, no ano seguinte torna-se bom aluno? Sabemos que não. Um aluno que repete um ano tem tendência a repetir muitos outros. Fica, por assim dizer, pré-destinado à exclusão social. Ora, se queremos, e eu quero!, uma Escola que possa ajudar a construir uma sociedade mais democrática e equitativa, os professores, que são os especialistas em Educação, têm de ser capazes de encontrar soluções para que a aprendizagem aconteça, muito mais do que limitar-se a constatar o insucesso. A Autonomia e Flexibilidade Escolar, que desde 2017 está em vigor, permite às Escolas, e obviamente aos professores, encontrarem as estratégias, e os processos, que permitem promover o sucesso de todos! A ciência prova-nos que todas as pessoas aprendem. E que não aprendem ao mesmo tempo, nem do mesmo modo. 
Assim, o sucesso das aprendizagens pode SIM ser alcançado por todos. E, SIM também, facilitismo é chumbar alunos. Não implica trabalhar de outro modo, não implica procurar soluções, basta atribuir um número!
O mundo mudou muito. Evoluiu em muitos aspectos, regrediu noutros. Não vai, com certeza, deixar de se modificar e, penso eu, quem é professor e lida, diariamente, com crianças e jovens, tem de reconhecer estas transformações e de lhes dar resposta.
Analisar cada aluno, procurar estratégias e soluções, olhar a pessoa que mora em cada aluno, é parte integrante da acção docente! Chumbar alunos é  facilitismo, sim! 

1 comentário:

  1. Luísa, chumbá-los é mais fácil, concordo, como concordo que os professores têm um grande fardo nas suas costas e só para quem o é por paixão, o não será!!

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