domingo, 4 de outubro de 2020

OUTONO

 É, sem dúvida, a minha estação preferida, o Outono. Gosto das cores, do vento, das folhas enlouquecidas que dançam no quintal, das abóboras e dos marmelos. Gosto dos cheiros dos doces, dos fumos das queimas dos restos de Verão, dos castanheiros carregados de verdes ouriços.

Tenho pensado que também eu estou a entrar no Outono. Não no passageiro mas, pelo contrário, num Outono que só terminará no fim total. 

Já não tenho a inocência da Primavera, não encho de flores arbitrárias cada quotidiano, já não me iludo com borboletas tontas e efémeras. 

Já esgotei o meu Verão. Vivi-o com excesso, com garra e exagero, deitei-me em muitas praias e sofri afogamentos de diversas ondas. Agora, estou no Outono. Já não corro atrás do arco-íris, já não acredito em todas as aparências, já despejei os bolsos das minhas verdades.

Quando o meu Inverno chegar, terei pouco do que me despedir. Levarei comigo as emoções fortes, as paixões intensas, os momentos mágicos. 
Que venha o meu Inverno, assim que eu esgotar o meu Outono.



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