sábado, 22 de maio de 2021

22 de Maio é um dia intenso, para mim. A minha irmã Nô fazia anos e, porque ela era a personificação da alegria, e porque no dia seguinte era sempre feriado, Dia do Concelho de Portalegre, em casa havia grande festa. A Nô tinha muitos, e bons, amigos, estava sempre alegre e era muito bonita. No dia dos anos dela, normalmente havia sol, as flores rebentavam no quintal, e o meu Pai gostava de dizer que a Natureza também se engalanava para lhe dar os parabéns.

A minha irmã viveu muito pouco tempo, deixou muita vida por gastar, muitas narrativas por escrever. Ela tinha muitos sonhos, muitas gargalhadas por dar, muito mimo para distribuir e eu penso, acredito, que esses sonhos por sonhar e viver ficaram por aí, perdidos, chorando a eterna irrealização. 

Agora, 48 anos passados, quando eu mesma errei tão absolutamente narrativas onde ela deveria ter sido participante, sinto que ficou sempre um espaço vazio na nossa vida. Um espaço onde foi impossível inscrever vivências que, ainda assim, ainda adivinho. 

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