Há temas que, de tão abordados, correm o risco de se tornar fastidiosos e cansativos. Talvez, sei lá, a educação seja um deles. Porque se fala muito em educação, porque se fazem debates, manifestações, manuais, tratados, ensaios, leis, decretos, etc., e, aos poucos, o cidadão comum deixa de prestar atenção. Mas, mesmo consciente deste cansaço do tema, eu não resisto a abordá-lo. Porque, de verdade mesmo, acho que se fala muito mais de deseducação do que de educação.
Em Portugal, neste governo socialista de estupidez generalizada, tudo se tem feito contra a educação, em nome da mediocridade, do facilitismo, das falsas estatísticas. Este governo, que pessoalmente abomino e considero negativo, não tem respeito pelo Ensino, o que significa não ter respeito pelos cidadãos.
Vamos aos factos: - A violência nas escolas aumenta. Porquê? Porque a imagem dos professores foi posta no zero, porque a autoridade foi abolida, porque os miúdos aprendem, agora, que mais do que o professor conta a opinião dos pais, dos ministros e até, se for caso disso, do funcionário da Câmara Municipal que opina no Conselho Geral da Escola. O clima nas escolas é triste, infeliz, feito de silêncios, medos e perseguições. Porquê? Porque este governo virou os professores uns contra os outros, pondo colegas a avaliarem colegas, sem uma efectiva e justa graduação profissional, numa prática arbitrária e absolutamente envenenada. Hoje, nas escolas há ódios que impedem a comunicação e que, como facilmente se compreende, prejudicam as aprendizagens dos alunos. Hoje, ao professor exige-se o sucesso dos miúdos e, por isso, há que baixar os níveis de exigência, pactuar com a mediocridade, prejudicar aqueles alunos que, de verdade, trabalham e se empenham. Hoje, as Escolas certificam (in)competências, para aumentar estatísticas, em processos feitos, muitas vezes, de ignorâncias chocantes. Hoje, os professores preenchem fichas, fazem percentagens, dão aulas de substituição, dão aulas de apoio, aprendem informática, frequentam acções, registam faltas, comunicam faltas, telefonam aos encarregados de educação, reúnem com os encarregados de educação, fazem actas, usam quadros interactivos, dinamizam clubes, organizam visitas, acompanham visitas, participam em reuniões e não têm tempo para fazerem o que sabem: - Educar!
Muitas vezes, acho que todos os dias, ecoa em mim uma frase da Drª. Catalina Pestana, a maior pedagoga com quem trabalhei, que diz “é preciso que a Escola tenha tempo para a pessoa que mora em cada aluno”. Eu não tenho esse tempo, a Escola de hoje não tem esse tempo! E sinto-me a falhar. Obrigam-me a falhar. E castigam-me, ameaçam-me, porque sou dos resistentes, dos que, convictos da verdadeira essência da sua profissão e incapazes de se agacharem face à estupidez das leis que este governo produz, não entregaram os objectivos individuais. E os meus objectivos são simples e muito claros: - Ajudar a crescer, no saber e no sentido do Bem, os jovens cidadãos que enchem as minhas turmas; despertar neles o gosto e o respeito pela língua e cultura portuguesas; formar uma geração com sentido crítico, com valores éticos e estéticos, amante da liberdade e respeitadora do próximo! Só. Sem percentagens. Porque não me imagino a fazer isto para 75% dos meus alunos… Vivo, agora, neste ano sem graça de 2009, parafraseando Sophia, tempos de chacais,. E queria, TANTO!, um país diferente… Um país com lugar para as Pessoas, com regras e leis, com verdade e autenticidade, com respeito pelas diferenças, com rigor, com justiça. Um país, com lugar para a ternura das aprendizagens!!
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